sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Lula Pena no Museu do Oriente


Lula Pena cantou hoje no Auditório do Museu do Oriente. Já não a via/ouvia ao vivo há algum tempo mas Lula Pena está na mesma: a mesma pose humilde, o mesmo sorriso simples, a mesma graça tímida, a mesma voz profunda.
Podia começar este post a falar da inacreditável parecença física entre Lula Pena de cabelos curtos e a Amália Rodrigues dos anos 60 (ou do vídeo da Gaivota, de 1965), mas em boa verdade essas semelhanças são irrelevantes: a voz é outra, a atitude é outra, a carreira é outra, o estilo é outro. Em suma, não interessa nada dizer que são parecidas. Mas são. E impressiona.
O repertório deste concerto foi o de sempre mas com muitas novidades. Muito fado (o que ela canta melhor), alguma musica brasileira, alguns temas tradicionais portugueses e mais uma ou outra coisa, tudo numa grande e ininterrupta sinfonia. Gosto da Lula Pena. Gosto muito e gosto há muito. Em Lula Pena nada é artificial, tudo é música. As suas interpretações de fado são únicas porque Lula Pena reduz o fado ao essencial: voz e guitarra (que não é a portuguesa). O resultado? Música, palavra, sentimento, ALMA.

Enquanto ouvia o concerto, lembrei-me de uns versos de Pessoa:

"Eu quero um colo, um berço, um
braço quente em torno ao meu pescoço
E uma voz que cante baixo e pareça querer fazer-me chorar
Eu quero um calor no inverno
Um extravio morno da minha consciência
E depois sem som
Um sonho calmo
Um espaço enorme
Como a lua rodando entre as estrelas "

Hoje foi mais ou menos assim. Senti o colo, o berço, o braço quente em torno ao meu pescoço enquanto a voz de Lula cantava e parecia querer fazer-me chorar.

Parece que lá mais para Outubro há um novo cd, que o 'Phados' já foi em 2001! Aguardamos ansiosamente!

1 comentário:

  1. Olá... Também estive lá e foi muito bom... :)

    A simplicidade é uma das coisas mais bonitas na sua voz...

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