terça-feira, 10 de junho de 2008

Lendo os outros


"(...)
Não é por acaso que o dia de Camões era também o «dia da raça». Porque «raça», aqui, não representa características genéticas eventualmente superiores. É entendido no sentido em que era usado no século XVI, significando gesta, povo, colectivo. Está nos Lusíadas, meu Deus. É um simbolo de identidade colectiva de nação, única, individual. O regime de Salazar (ou «fascista» como lhes dá mais gozo) nos seus tremendos erros, pelo menos evitou a questão rácica a la Gobineau, talvez mesmo pelo sentido de ridiculo que isso lhe traria. Que o prof. Fernando Rosas evite essa abordagem que ele conhece melhor do que todos é prova evidente de má-fé e de desejo patético de marcar agenda. Por outro lado, sendo um cavalheiro filiado num partido internacionalista que acredita em «igualdade» sem fronteiras por oposição a «liberdade» dá-lhe atenuantes. A raça, caro professor Rosas, neste contexto somos nós - os Tugas, o Manuel Bento, o Nicolau Breyner, os taxistas, eu, o senhor. Tudo o resto é má-fé e o costumeiro arraial folclórico de argumentos. Começa a não haver pachorra, caramba. Arranjem uma vidinha, sim? Ou ponham o Skoda no Rossio. Qualquer coisa, mas tenham vergonha."


Nuno Miguel Guedes in '31 da Armada'
Foto: Luís Catarino

1 comentário:

  1. Não sei, e ele também ainda não o esclareceu, se o Presidente da República usou a expressão "raça" no sentido apontado,e bem,pelo Nuno M.Guedes,ou se o fez querendo dar-lhe algum conteúdo antropológico,o que duvido.De qualquer modo, foi uma gaffe porque o Presidente da República não pode ignorar que "Dia da Raça" tem uma forte conotação com o Estado Novo e ainda hoje,como se viu, causa polémica.
    Evidentemente,houve logo oportunismo político do PCP e do BE,mas seria bom que o Sr.Presidente dissesse mais qualquer coisa sobre o assunto...

    ResponderEliminar