quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Que Deus nos livre e guarde de tamanha desgraça!

Segundo o editorial de hoje do Correio da Manhã, assinado por Alberto Gonçalves, diz-nos este Sr. que «carteiro é profissão digna. Quem me dera que, de futuro, o Dr. Monteiro fizesse a ronda da minha vizinhança». Isto tudo a propósito do facto do Dr. Monteiro ter ido, feito carteiro do PND, às sedes o PSD e CDS entregar uma carta e um putativo manifesto da Direita. Ora, eu não confiava ao Dr. Monteiro nem a minha bola de futebol, de que gosto tanto (!), quanto mais a entrega do correio no bairro. Que Deus me livre de tamanha desgraça e tragédia!! Se quer brincar aos correios que vá lá chatear o Luis Nazaré, presidente dos CTT. Brincar com os meus vizinhos bem longe, sff. Era bem capaz de organizar uma reunião de condóminos só para colocar o prédio todo contra mim.
Esta mania do carteiro é mais uma consequência dos disparates do Dr. Ribeiro e Castro, desde quando é que um simples almoço dá direito a entrega de cartas? Para o Dr. Monteiro dá, sinistro…

Inesquecível (apesar do vento)


Ontem, em Cascais, numa tenda (!) montada para o efeito, Jacques Loussier, acompanhado de dois músicos de excepção - Andre Arpino na bateria e Benoit Dunoyer de Segonzac no contrabaixo -, fez um concerto absolutamente excepcional. Foi pena o vento que abanou a tenda de tal forma que, por momentos, a música deixava de se ouvir. Penso que o local e as condições acústicas não dignificaram o artista. Em todo o caso, Loussier dignificou-se a si e à sua arte pelo domínio da sua performance, pelo espírito de pura diversão com que actuou e pela extraordinária cumplicidade que os três músicos demonstraram em palco. Inesquecível! (Apesar do vento...)

After "Aria" de Bach num tom Jazz

Sente-se a falta de uma poltrona, uma cerveja gelada e bastante fumo à volta. O vento batia as palmas lá fora.

After this well known piece...

Há coisas que entram numa rotina de acontecimentos. Começamos a contar com elas diariamente. Ao fim de alguns dias, semanas, meses de contacto, em vez de nos tranquilizar, por vezes mergulha-nos num tormento, como se o Mar, a Terra, o Céu tudo estivesse em suspenso sobre nós à espera de nos engolir.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Estes tugas são pilulas

A corrigir traduções institucionais de GB para PT, depois de erros de engano deparo-me com "Refresh = Refrescar". Os portugueses são fantásticos na invenção. Depois do "Salvar" do "Printar" agora o "Refrescar".

Aficcionado: de Ficções. Preso a uma história que parece não ser real.


Conversámos pouco ontem. Cheguei tarde, cansado, com fome e irritado por ter perdido o trabalho que tinha estado a fazer. Depois de tudo, deitei-me a teu lado, lias mas rapidamente puseste o Mar por Cima de lado e encaixámo-nos. Amar é isto também. A cumplicidade do silêncio partilhado. Não exigir nada e tudo dar. Conseguir respirar.

na imagem Breathe de Gerard Richter

Hermés: Mensageiro dos Deuses


Combinámos almoçar. Pedi-lhe que chegasse mais cedo para passarmos no Chiado. Perguntou-me o que queria ver.

Louro disse: o que quisermos, mas interessa-me algo em particular, saber se eles reciclam o material que usam...!

L diz: olha, se eu for proibida de voltar à hermés por causa das suas preocupações ambientais bato-lhe

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

A Silaba


Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante, quase nada.
Mas faz-me falta.
Só eu sei a falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.

Só ela me podia defender do frio de janeiro,
da estiagem do verão.
Uma sílaba.
Uma única sílaba.
A salvação.

de Ofício de Paciência, Eugénio d Andrade

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Três

Anistropia


Anis
tropia é o site/ blog que maior prazer me dá. Quando estou down e out, blue, às cores, a ver céus de cor de marmelada, num barco num rio com as margens cheias de árvores de fruto. Empatia imediata. Nada é por acaso, quando partilhamos os mesmos gostos e do outro lado está uma mente capaz de Criação de um novo Éden. Percam-se no repeat.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

A Lula e a Baleia


Filme muito particular, com participação na produção do novo mago Wes Anderson, um olhar sobre o divórcio, pais e filhos, ambiguidades e certezas, o sofrimento e o alivio. Os personagens são singulares, encontramos um casal de escritores, pertencente a um meio intelectual nova iorquino, falamos apenas de emoções ao longo do filme, distúrbios extemporaneos momentaneos. Exemplar.
Pelo meio é passada uma ideia, curiosa, os novos Filisteus, os que não são intelectuais, não lêem, não vão ao cinema (de culto), não nada!
O filme passa-se algures em 1986, pela idade do realizador, este filme será a expiação das suas cicatrizes.

O Medo como inibidor de sentidos

Senti que estava às portas do meu reino,

Entre as sombras brilhavam as paisagens

Que os meus sonhos antigos desejavam.

Mas o terror expulsou-me das imagens

Onde já os meus membros penetravam.

Sophia

A não perder!


Jacques Loussier Trio
(piano,bateria e contrabaixo)
Cidadela de Cascais
Festival Rota dos Monumentos
29 de Agosto - 21H30

Totus Tuus

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Envy by Morgan Louren


"Algo que me faça quase tocar,

Quase sentir ..."

Do Desassossego dele para o meu, e Cesariny, por nada em particular, o belo não necessita de razão para ser lembrado.
"Queria de ti um país de bondade e de bruma
Queria de ti o mar de uma rosa de espuma"

"Meu amor não é tarde nem cedo para quem se quer tanto."


E se uma manhã o mundo desaba sobre nós, o que julgamos certo torna-se incerto, o Amor em esquecimento acelerado sob pena de nos sujeitarmos a uma humilhação do espirito por nos encontrarmos agarrados a quem não nos quer mais.

Se uma manhã quando julgamos que com a madrugada floresce o amor, este se distancia de nós, sem que tenhamos forma de alterar o seu destino, devemos entregar-nos a quê, à força de não vergar ou à humilhação da insistência?

Se um dia aquilo que poderemos nomear como Humilhação não o seja. Se o Amor é superior ao Homem e a todas as coisas, porquê nos guiarmos pelas regras e condutas humanas, porque não ultrapassarmos as restrições que nos entrincheiram em territórios marcados pela insensatez e de tudo o que nos reje ou que nos obrigam a cumprir.
Sigo a minha vontade, as mãos vazias de critérios, apenas com os elementos, o Amor comanda, guiado pela força do exército dos céus, a ele recorro como evocação do que necessito para vencer.

p.s. na foto, uma semente de girassol a germinar

Às vezes o heroi decide morrer...

O que queremos

"Agarre-se com força"
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta -- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner in Hora

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Quem pagou a conta?

Já muito se disse sobre o almoço entre as duas personagens mais mortas da vida política portuguesa, o Dr. Monteiro e o Dr. Ribeiro e Castro, mas ninguém fez a pergunta que mais interessa. Saber se há ou não estados gerais da Direita, se o Dr. Monteiro quer o PP sem o CDS, se o Dr. Castro quer o Dr. Monteiro de volta, se este almoço serviu para o Dr. Monteiro voltar à cena politica nacional, se o Dr. Castro almoçou para irritar o CDS, sem PP agora, ou porque é simplesmente desprovido de bom senso e do mínimo de habilidade política, todas estas questões já nós sabemos ou vamos descobrindo as respostas.
Mas o que de facto interessa neste almoço é saber quem pagou a conta: o Dr. Monteiro ou o Dr. Castro. Bem, o Dr. Castro é bem mais gordo que o Dr. Monteiro o que o pode ter levado a pensar: “se pensas que vieste cá encher o bandulho, não sou eu que vou pagar a conta”. O Dr. Castro, que ainda assim tem mais visibilidade pública que o Dr. Monteiro, cogitou “se pensas que vens almoçar comigo, aparecer em todos os jornais, tv’s e rádios, numa crónica que durará todo o verão e início de Inverno de borla estas muito enganado. Deixa-me cá aproveitar e comer porque é este gajo que vai pagar a conta”.
E, desconfio eu que devem ter estado o almoço todo com estes pensamentos em mente, porque mais nada pode vir de tão brilhantes cabeças. Mais, aquele almoço deve ter sido um tédio, entre um morto político e um a caminho de o ser. A conversa sobre doenças deve ter vindo à mesa com certeza, sendo que ambos sofrem da mesma doença, Dr. Portas.

Bárbara Guimarães

"(...) Mas nada é tão irritante quanto Bárbara Guimarães a declamar Eugénio de Andrade na promoção do seu programa da SIC Notícias, Páginas Soltas. Aqueles 20 segundos de televisão são a maior piroseira cultural alguma vez vista em Portugal, pelo menos desde os tempos em que Manuel Alegre gravava discos de poesia com voz épica e cavernosa.

E eu, que vejo a SIC Notícias por dever profissional todas as manhãs, estou constantemente a esbarrar naquele "Os livros. A sua cálida, terna, serena pele", tantas vezes repetido que acabou por tomar conta da minha cabeça. Estou no duche e, de repente, "Os livros. A sua cálida, terna, serena pele". Estou a comer os cereais e, à primeira mastigadela, "Os livros. A sua cálida, terna, serena pele". Estou a mudar a fralda ao Tomás e, ao segundo dodot, "Os livros. A sua cálida, terna, serena pele". É um vírus. É um vírus do pior que há.

O meu problema não é só aquilo ser muito foleiro. É que a promoção a Páginas Soltas condensa tudo o que odeio no meio cultural português: a artificialidade impante, a relação reverencial com a arte, o livro como objecto sagrado. Bárbara Guimarães, com os lábios inchados de paixão, recita Eugénio de Andrade como se o "Livro" fosse a nova sarça ardente. O seu olhar nunca fixa a câmara - ou seja, nunca nos fixa a nós, pobres terrestres -, porque naquele momento ela está em transe, em plena epifania livresca, tomada pela inspiração do "Poeta". Aaargh!, preciso de uma água das pedras.

Mas Bárbara, reparem bem, não se limita a declamar Eugénio de Andrade com ar afectado enquanto caminha por uma biblioteca a meia-luz. Isso seria coisa de amador. A certa altura, ela vira-se, encosta-se às prateleiras e roça levemente o corpo pelas estantes. É pena as badanas não saberem assobiar, porque aquela é uma manifestação única de erotismo literário: "Possuam-me, livros, possuam-me!" Tanta cultura. Tanta sensibilidade. Tanta devoção. Tanta falta de gosto. "
João Miguel Tavares, in Diário de Notícias

domingo, 20 de agosto de 2006

O.Insecto infiltrado

Esta pérola pertence ao professor doutor Boaventura Sousa Santos que, desde tempos imemoriais, "observa" a Justiça portuguesa. Boaventura, o mais famoso sociólogo coimbrão, é, como se sabe, politicamente inconsequente. Apesar da aturada investigação universitária a que se dedica, ainda não conseguiu, nesta matéria, sair de uma idade primitiva. Para ele, os "amanhãs" continuam cantáveis, de preferência em lírica rimada. Boaventura devia saber que, numa ditadura, e, sobretudo, numa ditadura com as características da "castrista", ter ideias fora do cânone é uma infâmia punida com o desterro ou a prisão. Logo, ninguém imagina - a não ser, pelos vistos, ele - que em Havana possa existir "um cadinho fervilhante de ideias" e, muito menos, qualquer "transição". Alguém concebe Fidel Castro em "transição" para outra coisa que não seja a sua privativa nomenclatura? Boaventura, como muitos "intelectuais" espalhados pelo mundo, teme pela saúde da Cuba "castrista" e não propriamente pela felicidade dos autócnes. Afinal, e a esta conveniente distância, que diferença faz uma democracia a mais ou a menos na contabilidade "sociológica" do nosso distinto académico?»
João Gonçalves, in Portugal dos Pequeninos

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Planos finais

«Os meu planos finais: solidão de eremita nas florestas e escrever tranquilamente na velhice.»
Jack Kerouac

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Viagem ao País dos bretões

Amanhã vou voar, para Londres They say!
Damn! I was told that due to safety restrictions
I can carry with me only a plastic bag with the minimun objects,
all that is useless should be carried away.
(A lista de objectos inuteis inclui Livros.)
Para todos os que vão viajar, aconselho a leitura prévia de "Viagem ao País da Manhã" de Hermann Hesse. Indicado para quem leva a casa atrás quando viaja.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Já repararam como as árvores dançam?
Por que é que os sonhos bons, muito bons, são sempre interrompidos a meio, pelo despertador?

A não perder

A não perder, hoje, no Público, o artigo de Constança Cunha e Sá "O grande inimigo".
Fica aqui apenas um pequeno excerto: «A esquerda, depois de perder o seu “sol na terra” e de ter assistido à destruição sistemática dos seus principais mitos, descobriu no antiamericanismo primário, não só a sua grande bandeira, mas principalmente o seu último (e único) combate…»

Parabéns


Simplesmente fantástico e imbativel!

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Aviso à navegacao

Devido a um acrescimo anormal de spam na caixa de correio d'O.Insecto, a partir de hoje e por um perìodo indeterminado de tempo, os comentarios anonimos deixam de ser permitidos.
A tua ausência doi.

Pergunto eu?

A primeira notícia, da secção Pessoas, de hoje, do Correio da Manhã, abre com o seguinte título “ Tecas tem novo amor”, pergunto eu:
- Quem é Tecas?
- Quem é o novo amor?
- Que faz Tecas e o novo amor?
- Será Tecas uma gata?
- Quem quer saber quem é Tecas e o seu novo amor?
- Quem quer saber o facto de ambos não esconderem a sua cumplicidade?
- QUEM É ESTA GENTE?
Venha o Inverso sff!

Arde sem se ver

Como acontece em todos os verões o país arde e consome-se em chamas. Todos os anos ouvimos falar de prevenção, mas todos os anos a história é sempre a mesma, mais fogos, uma maior área ardida e prevenção de nada se sabe, de mais nada se diz, de facto nunca sabemos o que foi feito para prevenir e que sucesso teve essa mesma prevenção, mas pelo que podemos ver não tem sido lá muito.
De qualquer forma e segundo dados de jornais de hoje de manhã, existem 10 fogos activos, em Arcos de Valdevez, Aguiar da Beira, Melgaço, Porto de Mós, Estremoz, Setúbal, São Pedro do Sul, Vagos, Valongo e Oliveira de Azeméis. Todos estes incêndios mobilizam cerca de 1.000 bombeiros e cerca de 230 viaturas.
Tudo isto não é novidade nenhuma, mas este ano parece que existe uma pequena diferença face aos anos anteriores, o Ministro da Administração Interna é António Costa, número dois do Governo, seja lá o que isso queira dizer e assim se aplica a seguinte frase: este ano o país arde sem se ver. Engraçado, não?

terça-feira, 8 de agosto de 2006

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

ELIZABETH SCHWARTZKOPF

(1915-2006)

"Many composers today don't know what the human throat is. At Bloomington, Indiana, I was invited to listen to music written in quarter tones for four harps and voices. I had to go out to be sick."

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Quem disse "You can´t always get what you whant"?


Tá confirmado
pela terceira vez vou estar a pular ao som de
"Hey you
Get off of my cloud..."
Na foto a formação inicial com Brian Jones e Bill Wyman, long live the kings...

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Segredo

Ouvia Segredos da KG e lembrei-me de alguém, um poema vou enviar, surgiu-me imediatamente um nome. Talvez já tivesse passado por ele antes e tivesse ficado alojado algures em estado de alerta. Carlos Drummond de Andrade o maravilhoso, ele mesmo, escreveu Segredo. Para todos porque diz tudo.
SEGREDO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.

Carlos Drummond de Andrade

Mais uma volta, mais uma corrida...

E não é que, afinal de contas...