quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Sobre sexualidade


[Secção pensamentos soltos sobre sexualidade] Os ecos do live com a Xia continuam a chegar. Entre mensagens de agradecimento e desabafos, é notório o impacto que aquele momento teve em tantas pessoas. Consciente das muitas fronteiras, sabendo que o humor seria o registo, houve oportunidade de, tal como gosto, boa conversa. Surgem muitos comentários positivos pela minha abertura para falar de temas como sexo, sexualidade e corpo. Pois, parece-me cada vez mais importante falar-se disto de forma madura, clara e adulta. A carência da educação sexual (que nada tem que ver com promoção de sexo) é gritante, levando a profundos desajustes no que realmente importa: o respeito pela dignidade da pessoa. 


Infelizmente, a formação demasiado moralista que castra a criança, impondo-lhe “nojos”, “vergonhas” e outras coisas que tais na sua fase genital, que é de descoberta sensível e física (repito, sensível e física), faz com que muitas pessoas estejam estagnadas aí, tornando a realidade sexual algo desde o conspurcado ao idolatrado. Pois, os extremos são perigosos. Depois, dado a piadas que, num momento têm graça, haja humor, sim, mas depois se se insiste… isso, é a confirmação de que ainda se está na fase sensível e física. É que do físico, há que passar ao relacional, ao encontro. E tal pode ser, em acto sexual. Ou não. A sexualidade implica afecto de entrega ao outro sem que necessariamente haja sexo. Esta consciência não acontece de um dia ao outro. É trabalho interior, desde a vocação particular, para a vida toda, em todas as condições de vida. 


Se queremos de sair de: violência de género; mulheres ou homens como objectos sexuais; tensões entre casais; infidelidades várias; abusos vários; rejeição da realidade própria de corpo; então, há que abordar a sexualidade de forma adaptada às diferentes capacidades de entendimento conforme as idades, ou seja de forma madura, desde as dimensões física, psico-afectiva, racional, social e espiritual. A dignidade, o respeito, o sentido de alteridade é caminhada humana. E, sim, como em tudo no humano, podemos levar com humor, desde que atravessemos as fases em maturidade. O bom da boa sexualidade é que verdadeiramente humaniza.

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