quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Cultura segura e lugar de Deus




[Secção pensamentos soltos sobre a importância da cultura] Estamos diante de uma viragem de humanidade que poderá ajudar-nos a unir ou a dividir. A seriedade do que atravessamos implica aprofundar a consciência de que todos os humanos são iguais em dignidade. Qualquer aproveitamento desta crise em benefício próprio é simplesmente abjecto. Então, os esforços devem ser postos na colaboração, de modo a impedir que ninguém veja a sua dignidade manchada. Não é tempo de  alegrar porque “eu posso”, mas de perceber como alargar o “eu posso” a verdadeiramente ajudar os que, incompreensivelmente, não podem.


Não discuto a comparação entre as importâncias de uma celebração eucarística e de uma peça coreográfica ou de teatro. É cair no perigo da divisão e da desonestidade intelectual. Tenho escutado muitas pessoas para quem ambas são importantes. Nas missas continuarei a ter ainda mais presente todos os que sofrem e farei os possíveis para exortar a que as pessoas tenham consciência do todo, da comunidade, e às que possam que não deixem de contribuir para a cultura e restauração. A Igreja tem sido exemplo de espaço seguro. Os espaços culturais também. Incompreensivelmente, estes últimos, onde se inclui a nossa Brotéria, vêem as suas portas fechadas, remetendo milhares de pessoas (artistas, produtores, técnicos de luz e som, formação, secretariados - publicidade, marketing, contabilidade, logística -, etc.) para situações preocupantes de precariedade. Sem descartar a responsabilidade governamental, como cidadão e cristão sinto o dever de recordar o fundamental da cultura para a reflexão de humanidade.


Quem possa, que não devolva o dinheiro dos bilhetes de espectáculos cancelados ou assista a espectáculos on-line comprando bilhete ou dando alguma contribuição. Quem tiver lucros, como as grandes empresas, lembre-se da importância da cultura tornando-se mecenas de salas de espectáculos. Todos os que celebrarmos Missa, continuemos a recordar nas nossas orações os que sofrem e a deixar que o Espírito nos avive a consciência social, de dar a quem não tem, de ajudar nas obras sociais das paróquias, de não contribuir para divisões, mas promovermos a união e o cuidado do outro. 


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