[Secção pensamentos soltos em dia mundial do professor] Qualquer profissão que implique com a vida de uma pessoa roça o sagrado. Cuidar do outro, seja biológica, afectiva, social, espiritual e/ou intelectualmente é imenso. É bom que se exija qualidade num professor. É muito bom que se agradeça o tempo (in)determinado com que passa diante de uma pessoa ou de um grupo de pessoas a transmitir conhecimento e saber. Conteúdo e forma fazem parte desse ensinamento. No entanto, a ser posto para outros planos ou até mesmo esquecido em nome da burocracia crescente, a dar resultados para estatísticas, rankings, produtividade, anulando as histórias de tantos alunos que lhes passam pelas mãos.
Quando vigiava exames, pensava na vida de cada aluno. E rezava para que cada fossem capazes de expressar o que aprendeu e que crescessem em humanidade. É preciso critérios para aferir o melhor. Mas, melhor em quê? Entende-se: melhores notas para se poder entrar no que se quer e, em caminho, provar que o professor é bom. No entanto, o professor não é bom apenas porque o aluno tem boas notas. Há alunos que são muito bons, mas que de notas nada sabem ou querem saber, apenas são obrigados por uma sociedade que exige “dr.” e “eng.” para dignificar o estatuto de ser pessoa. Há alunos que apenas querem sentir a presença quem os valoriza na existência, em talentos que não são necessariamente intelectuais. Muitas vezes, é o professor esse alguém.
A educação actual é marcada pelo intelecto, diminuindo o tempo de afecto. “Ah, mas isso é em casa!” E quando não há em casa? Também me parece que se cai no perigo do igualitarismo, onde não se valoriza a importância da diferença. Não há dúvidas: tudo posto na igualdade na dignidade, para além de qualquer característica da pessoa, mas ao diferente que se ajuste o que o ajuda a crescer como pessoa. Não é por acaso que em latim professor é Magister: esse “mais” que vive na sabedoria, em intelecto e experiência de vida, que exige a constante actualização, académica e humana, para acompanhar os sinais dos tempos (e que tempos estes!). Nestes tempos duros e exigentes, o meu abraço e a minha oração agradecida por todos os professores.
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