quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Saber acolher

 


Tirei ao pormenor do grande quadro “Ceia na casa de Simão” de Paolo Varonese

[Secção pensamentos soltos sobre acolhimento] Acolher é exigente. Acolher é receber a pessoa tal qual é e, conforme a situação, atendê-la, escutá-la, cuidá-la, sem pretensão de que tenha de assumir ou integrar perspectivas, modos de ser, mas ajudá-la a encontrar-se. 


Jesus é convidado a jantar na casa de Simão, um fariseu. Uma mulher, sabendo da Sua presença, põe-se aos pés de Jesus e com os cabelos enxuga-lhe os pés, banhados com as suas lágrimas e ungidos com o perfume. Além de uma cumplicidade imensa, com sensualidade e, até mesmo erotismo, em que uma mulher se atreve a irromper por um jantar de homens, esta cena demonstra como Jesus acolhe e afirma a força da vida da pessoa para além da sua história ou condições de vida. Acolhe e toma-a como exemplo de reconhecimento e entrega. Simão, o fariseu, olha para as suas características, julgando não apenas ela, como Jesus. É típico de quem vive pouco o amor: julgar e condenar. Jesus, por sua vez, olha para o ser total de cada pessoa, e ama. Dá-se perdão, reencontro para a Vida. Jesus dá-lhe destaque de honras. É típico de quem vive centrado no amor: libertar.


Os dias que atravessamos pedem muito acolhimento. Permitir que, ante o medo, a desconfiança, os rápidos julgamentos, se possa atenuar o “apontar de dedos” e, em boa reflexão, nos ajudemos mutuamente no respeito. Estes tempos pedem muita compreensão e paciência de todos(as). Quem bom será escutar o que Jesus disse a esta mulher, pela força da sua autenticidade: “a tua fé te salvou. Vai em paz”. No final, ficou no ar a suavidade o aroma do perfume. É o que sentimos quando realmente há acolhimento de vida.


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