[Secção pensamentos soltos] Nestes dias, numa das minhas orações fiquei a pensar no poder que tenho, que temos. Até posso pôr no plural: poderes. Na passagem do Evangelho de hoje, é confiado a Pedro o poder de ligar e de desligar o céu e a terra. Independentemente da crença, e do que se pode entender de céu e de terra, a cada pessoa é-lhe confiado esse poder: o de fomentar ou desajustar relação.
Pedro é pedra. A pedra pode ser usada para construir, nem que seja em toque de beleza e adorno, ou com ela pode-se agredir, maltratar, matar até. Quantos não estavam prontos para apedrejar a mulher adúltera? Do mais velho ao mais novo, todos se afastaram quando ouviram Jesus a dizer que atirasse quem não tivesse pecados. Estes tempos, do que me apercebo, têm sido ricos no uso do poder da escrita, das redes sociais, da opinião (infelizmente muitas vezes tremendamente mal fundamentada) para matar, dividir, agredir. No fundo, de desligar, de isolar, de confundir, de desumanizar. Mas, não será o caminho de humanização de construir, de colaborar?
Parar para escutar, saindo de julgamentos precipitados, é poder humano. O animal, que também temos disso, é reactivo. Move-o o instinto de defesa, no ataque. A nossa capacidade de escuta e reflexão, o poder do pensar, leva-nos a agir nessa ligação do todo. Para dar bom uso ao poder ou aos poderes que nos são confiados é preciso muita humildade. Implica a exigência de saber realmente, de entranhas, de existência, o que significa “amar o próximo como a si mesmo”. Quando o amor próprio cresce, deixa-se de andar à procura do que nos divide, mas, naturalmente, segue-se em busca do que nos ajuda a evoluir enquanto humanos, todos iguais na dignidade, sem rótulos nem categorias.
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