sábado, 2 de novembro de 2019

Fiéis defuntos




[Secção pensamentos soltos em dia dos fiéis defuntos] Das grandezas da realidade humana é a memória. Seja intelectual, seja corporal, a memória estrutura o nosso presente e o modo como a vamos visitando, respeitando, amando, orienta o caminho de futuro. Hoje é um dia de Memória e de memórias. As pessoas que já partiram atravessam-nos o pensamento. Surgem as memórias boas, em saudade do abraço, do carinho da conversa. Também as memórias amargas, de dor que revela a falta de perdão, dado ou recebido. O luto acontece desde esse recordar através das emoções, ao voltar a imaginar rostos e puxar por palavras ditas. Hoje é dia de acender vela ou velas diante de pessoas que partiram, mas mantém-se vivas na memória. Que se encontre um especial tempo de silêncio. Diante da vela, por cada nome, conforme a emoção, haja agradecimento, em sorriso eventualmente acompanhado de lágrimas. Caso haja dor, misturada de raiva ou arrependimento, que se encaminhe para o perdão por dizer ou receber. Como sugestão: escrever num papel o que ainda dói, a ferida, a revolta, permitindo expulsar as lágrimas que atravessam a alma e impedem caminho de libertação. Depois, queimar, como folhas que se desprendem das árvores, permitindo o crescimento, a renovação, um novo sim, curando a memória e dando espaço ao amor e à vida. Afinal, o “amor é mais forte que a morte” [Ct 8,5] ou, numa possível interpretação, apenas o amor pode ajudar a transformar todas as dores em vida e reencontro de luz. 

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