[Coisas na vida de um padre] “Paulo, cá venho eu com o desafio de mais um texto para a Bica. O tema da próxima edição é a GULA e parece-me um tema interessante para um texto teu”, assim me escrevia João Moreira, editor da Bica. Aceitei e foi publicado o texto “Comer: momento de Ser”. A revista na versão online pode aceder-se em www.revistabica.com. Como diz o João Moreira no editorial, “esta é uma Bica gulosa, para ser lida sem moderação.” Boas leituras!
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
Nuvens
[Secção coisas de nada] Revejo fotografias que tirei nas últimas semanas. Num desses dias o céu estava pincelado de nuvens suaves. Todo o planeta já viu e vê milhares de milhões de nuvens. Todas diferentes. O mesmo se passa com pessoas. Vi a echarpe de Isadora Duncan a bailar enquanto se transformava em asa de anjo.
terça-feira, 27 de agosto de 2019
Breve oração
[Breve oração em tempo de regresso]
Agradeço-Te
o silêncio do mar, com convite a maravilhar e a agradecer,
permitindo ao descanso ganhar horas de Ti em mim, abrindo nós.
Peço-Te
a expansão de Infinito com abertura ao desconhecido,
atravessando-o em amor.
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
Tempo de paragem. Até breve!
[Secção tempo de paragem pelas redes sociais] Entre luz e sombra, o silêncio faz-me encontrar a importância de Deus no nada. Mais profundamente, o silêncio que desperta o que o teólogo Paul Tillich descreveu como "comoção existencial": sou podendo não ter sido. A gratuidade dos pés assentes em terra e mar recordando o sagrado de tanto na vida. Pode-se descansar, e bem, de tudo. Mas que não se descanse de quem se é e, para quem n'Ele acredita, de Deus. Ele deseja de entranhas o nosso crescer em terra sagrada que somos. Até breve!
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
Madrinhas e padrinhos de casamento
[Coisas na vida de um padre com secção pensamentos soltos] Chegam boas recordações de um dia feliz. E é uma boa oportunidade para falar das madrinhas e dos padrinhos. Eles são escolhidos pela profunda amizade que têm com o casal. Uns mais com um, outros mais com outro, seja como for, têm a função de recordar o ser casal, o amor a transformar-se ao longo dos tempos. Tanto nos dias alegres, como naqueles dias em que isto de estar casado tem muito que se lhe diga, os padrinhos devem ajudar o casal a ser casal. Afinal, foram escolhidos de forma particular para serem testemunhas do momento em que os noivos dizem reciprocamente: “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que morte nos separe”. Na alegria e na saúde, tudo maravilha. Na tristeza e na doença é preciso mais acompanhamento e suporte. Por isso, os padrinhos não são adereços, mas pessoas importantes no caminho de amor do casal, ajudando-os a viver o que prometeram. Aqui é mais um exemplo da importância de sermos relação, sermos comunidade, no apoio a dar em muitos momentos da vida.
terça-feira, 6 de agosto de 2019
Breve oração
[Breve oração em dia da transfiguração]
Agradeço-Te
o corpo no Corpo,
em abertura de horizontes
que se expandem na atenção ao outro
Peço-Te
silêncio para continuar a compreender a luz
na descida da montanha
sábado, 3 de agosto de 2019
Boas recordações
Henrique Cepeda
[Coisas na vida de um padre] Chegam boas recordações de um dia feliz e muito simbólico. A força do amor em geração que cresce e em nova vida para Deus. Faz-se Luz em bênçãos.
Luz e encontro
[Secção coisas de nada e de tudo] Há dias em que falam as sombras, outros, a luz. Aqui via em chão de madeira luzes da luz. Ontem, em conversa com um Lama e o Rinpoche que acompanhavam o grupo, falávamos, mais do que as diferenças entre o budismo e o cristianismo, da riqueza das semelhanças no desejo de contribuirmos para a iluminação do mundo, da humanidade. Não é uma abstracção, é caminho interior concreto e necessário que cada pessoa tem de fazer. Seja qual for a tradição religiosa, atravessar a sombra contribuirá sempre para a iluminação de todos.
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
Acolhimento
fotogramas de vídeos de Bill Viola
[Secção considerações] Entre uma e outra conversa surge o tema separação, divórcio, fé e relação com a Igreja. O tema é complicado e complexo que não dá propriamente para desenvolver num texto, mesmo que fique mais longo, numa rede social. No entanto, há pequenas considerações que se podem fazer:
A separação ou divórcio não são, em geral, algo vivido de ânimo leve. Ter pessoas de fora a comentar, julgar ou ainda carregar uma das partes (a tendência é que seja a mulher) com mais pesos de vergonha ou culpa é completamente indesejável e a evitar totalmente.
Quem não sabe do assunto ou acha-se autoridade moral, deve manter o recato e a discrição no respeito da dor alheia, basicamente abstendo-se de falar. O único dever que cada um de nós tem neste tema de casal é o da denúncia em caso de conhecimento de violência doméstica. É crime público.
Quem vive separação, sim, pode continuar a viver os sacramentos. A questão, e que está em sérias reflexões, onde deve de haver um acompanhamento mais delicado que ajude o discernimento, é sobre quem vive nova união, não quem está unicamente separado. Mas, ainda assim, tendo em conta a complexidade do tema, há que abster-se de comentários sobre as pessoas em causa.
Quem é cristão saberá o que significa “vim para salvar e não condenar”. Foi Jesus que disse. Logo, não seja, ainda mais em nome da fé, o primeiro ou a primeira a condenar quem já sente dor suficiente com o que está a viver.
Se alguém vir uma pessoa a comungar que na sua perspectiva ou falta de informação ache que não deveria de o fazer, deixe-se de (m)paternalismos e pense na sua própria consciência, se está mais preocupada com o alheio ou com a própria conversão.
Toda a comunidade cristã deve ser, nunca de julgamento ou exclusão, mas de acolhimento. Obrigado pela atenção.
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