segunda-feira, 4 de junho de 2018

Últimas aulas




[Última aula com alunos de 12.º] Hoje dei a última aula às duas turmas de 12.º ano.  Em jeito de conclusão, recordei-lhes que Religião vem do latim “religare”, levando-nos à consciência a ligação ou re-ligação a fazer com as realidades humanas e divinas. Toda a visão de religião que cause ou provoque ódio, não é religiosa, é fundamentalista. Depois de termos visto um documentário com histórias sérias de encontro, de perdão, de possibilidade de reconciliação apesar dos crimes mais horrendos, recordei que tudo é com caminho de muita verdade connosco próprios e com os outros, sem simplismos, mas com consciência da delicadeza dos processos. O Cristianismo, disse-lhes, o qual sigo, resume-se em Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. E isto é sério. Muito sério. Emocionei-me quando recordei os mandamentos. De tal maneira é sério, que vai ao extremo de Amor aos inimigos. Utopia para alguns, fé para outros. Para mim, claramente é fé. Fé que acredita na justiça pelos mais fracos. Ao jeito de exortação emocionada (já me tinham ouvido em homilia no sábado passado), pedi-lhes para não emitirem opiniões mastigadas por outros, mas lessem muito e diversificado e construíssem com autenticidade a sua própria opinião, não se ficando, portanto, com o facilitismo do “toda a gente pensa assim”. Pedi-lhes ainda para não terem medo nem de se descalçar e pedir ajuda, nem do silêncio, calando os ruídos comunicativos, pondo-se em muitas perspectivas… e não esquecerem os mais fracos e oprimidos. Mesmo que não acreditassem em Deus, não tivessem fé no transcendente, que pelo menos o Amor próprio os levasse a ser gente de serviço para um mundo mais humano. Hoje dei a última aula às duas turmas de 12.º ano e, não, a juventude não está perdida. Precisa é de adultos que não tenham, eles próprios, medo de amar, de continuar a aprender e a viver sem “palas” e de coração aberto, libertando medos e construindo humanidade. 

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