Darren Staples/Reuters
[Secção desabafos] Há pouco, a Diana, uma amiga portuguesa dos tempos de Madrid, partilhou num comentário ao post da viagem para Loiola que se apercebeu da presença de Deus em todas as coisas numa Missa. Não foi uma Missa de muitas que vai, mas uma que organizou para homenagear um colega recentemente falecido de nome Ignacio. Ignacio, entre muitas características, era um homem de fé e homossexual, em que ambas trouxeram muitos dissabores de vida, nomeadamente com a família. Talvez por isso, a mesma família optou por um funeral mais intimista, onde muitos dos seus amigos não puderam estar presentes. A Diana não se conformou e organizou uma Missa onde muita gente amiga de Ignacio, independentemente das (des)crenças, se juntou para celebrar o importante: a força da sua Vida, manifestando assim o carinho e amizade que vai para além da morte e, quem sabe, podem ajudar muitos vivos a perceber o que realmente faz sentido é amar sem julgar. São muitas as pessoas que vivem bastante sofrimento na difícil relação entre a sua orientação homossexual e a fé em Deus. Também se juntam famílias, em carregamentos de culpas que não têm sentido. Pessoas que são renegadas pelo seu sentir e modo de amar, nessa busca de simples reconhecimento por serem quem são. Este tema é muito complexo e tantas vezes é tratado com tal simplismo de moralismo culpabilista que esquece o impacto que tem na vida de muito mais pessoas do que se pode imaginar. Quando se deixar de apontar e definir características como próprias ou impróprias, pura ou impuras, dignas ou indignas, estaremos sempre a olhar a pessoa na sua totalidade, percebendo que Deus não faz acepção de pessoas… quanto muito, fará da estupidez de algumas que insistem em separar, segregar, silenciar, castrar, fechadas no seu orgulho religioso. O que vale: as muitas pessoas como a Diana, que acreditam na fé aliada à esperança e ao amor.
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