quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Deixar crescer...




Jonathan Ernst/Reuters


[Secção desabafos] Se há coisa que faz mal é o paternalismo… seja social, religioso ou político. O poder mal usado infantiliza, criando formas de subjugar. Lidar com a liberdade do outro, que poderá suplantar-me no pensamento ou no modo de fazer as coisas, faz parte do crescimento humano e espiritual. Como padre não quero gente subjugada, mas livre. E não é nenhuma invenção minha. Limito-me a seguir as pegadas do maior Libertador da história. Apesar de estarmos em tempos de celebração do Seu nascimento, é de recordar que Cristo morreu na cruz por, entre outras coisas, expulsar do Templo aqueles que queriam fazer daquela casa uma prisão religiosa e espiritual. É que isto de “eu não vim para ser servido, mas para servir” tem que se lhe diga. Lá dizia o velho Simeão: “este Menino será sinal de contradição.” Curioso, esperavam (e pelos vistos ainda há quem espere) um Messias político, todo-poderoso, que vai comandar tudo e todos… e eis que surge quem desmonta todo o poder, levando à proximidade de, antes da entrega final, “já não vos chamo servos, mas amigos” e, depois da ressurreição, “vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: ‘Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.’” Quanto mais sairmos do paternalismo, mais comunidade formamos, sem necessidade de afirmações de poder… mas a viver o serviço, no respeito do crescimento uns dos outros.

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