quinta-feira, 6 de outubro de 2016

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Agan Dayat


[Secção pensamentos soltos] Cristo baralhou com os sistemas religioso, social e político da altura. E continua a baralhar. Na altura, como hoje, para os "donos da verdade" era mais "digno" quem seguisse regras de pureza, onde uns eram separados de outros por "fardos pesados" que os aparentemente puros não carregavam. Fardos de uma moral desfasada da visão global do ser humano, na sua complexidade e riqueza. Curioso ver como os tais "puros" são retratados nos evangelhos como figuras tristes e amarguradas, dando pena pela sua miserabilidade de espírito. Afinal, acabavam por carregar outros fardos... os de superioridade que lhes fazia endurecer o coração, apartando-se do "amai-vos uns aos outros como eu vos amei". A exigência mal compreendida da Lei levava, e continua a levar, à demonstração de uma superioridade moral que nada tem que ver com esse testemunho evangélico de Vida. A Lei, que Jesus não veio mudar uma só letra, aponta para o sentido da conversão de coração diante da misericórdia de Deus, e tal é trabalho pessoal que implica ver a "trave do próprio olho" de modo a removê-la e aliviar a amargura. A Lei separada do Espírito da Vida prende... não quem se pretende condenar, em nome de doutrinas, mas o(s) próprio(s) que se arroga(m) acima dos que julga e acusa como "impuros" ou "incumpridores". Com Cristo, as regras de pureza perderam todo o sentido, dando espaço à liberdade e, sobretudo, à força do amor que "não faz acepção de pessoas". E a Igreja, em vez de ser um palacete com gente edificada, mas escandalizável, torna-se, tal como diz o Papa Francisco, um hospital de campanha, onde ninguém é excluído.

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