domingo, 10 de abril de 2016

Fé e conversão [ad intra]




Reuters


[Secção desabafos] Cada vez mais vou confirmando que o Jubileu da Misericórdia deve ter como foco principal a própria Igreja no seu interior. De que serve um afirmar de fé, quando a acção de vida passa por julgamento, inveja, condenação e maledicência? O caminho do cristianismo é difícil, não por se buscar puros e capazes de cumprir direitinho para ficar sem manchas de currículos, mas por tentar compreender as entranhas do amor que olha para cada pessoa com imenso cuidado e atenção. Para isso, a tal conversão necessária que cada um de nós é chamado a viver, implica tomar consciência da realidade pessoal e social na sua complexidade, com luzes e sombras, tal como Cristo o fez. De nada serve pregar a fé em Deus, quando no quotidiano a minha acção é contrária ao que prego. Talvez a experiência de ter negado Cristo, de ter sido, de algum modo, o filho pródigo, levou Pedro a perceber a força do “tu amas-me?” por três vezes. Os que estamos dentro da Igreja, se seguimos em certezas de que “somos os melhores” sem consciência das mudanças, corremos sérios riscos de ficar como o filho mais velho da parábola, com o rancor em crescendo que impede de ver a possibilidade de encontros para além da doutrina, nossa ou de outros. Pois, a conversão não é algo que acontece apenas uma vez… vai sendo de vida, até nos tornarmos mais humanos e assim vivermos a força do divino.

Sem comentários:

Enviar um comentário