sábado, 26 de março de 2016

Sábado Santo




Malgorzata Walkowska


[Secção outros tons - especial Sábado Santo] Entre a raiva e a desilusão afasto-me de tudo o que acreditei. Morreste, tu que prometias a vida. Tu, com olhar brilhante enquanto falavas do novo reino já presente. É isto? O vazio? Enganaste-me. Enganaste-nos um por um. O retumbar dessa pedra que selou o teu corpo morto ainda me ecoa nas entranhas. Nem lágrimas tenho, se é que mereces ser chorado. Fizeste-me conhecer o amor, nesse teu cuidar de almas rejeitadas e postas de lado. Fizeste-me crer no profundo respeito por cada pessoa, onde o perdão brotava de cada sorriso teu. E agora, imagino-te aí enrolado em faixas perfumadas para dignificar minimamente a morte indigna clamada pelo Povo que Deus libertou. Quem és tu? Quem eras tu, afinal? A memória da frescura dos pés por ti lavados fazem-me caminhar.

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