Vito Dozio
“E?” deveria ser uma das respostas quando alguém partilhasse que está ter acompanhamento psico-terapêutico. Entenda-se este “e?” como retrato da normalidade da situação, que, infelizmente, não é muito considerada como tal. A doença, a vulnerabilidade, a fragilidade ao nível mental, psíquico, afectivo, são ainda vistas como sinal de fraqueza e desprezo no mundo que avança apenas para os fortes, os super-heróis da excelência, do topo, do máximo. Não quero entrar em dramatismos, nem dizer que toda a gente deveria passar por um psicólogo. Apenas apercebo-me que há cansaços humanos a surgir de forma tão suave que não se dá pela presença e depois nota-se cada vez mais gente sem sentido para a sua vida, rodeada de frustração, porque não é aquilo que não tem de ser, mas que a explosão da imagem da “perfeição” impõe que seja. Isto acontece em âmbitos profissionais, sociais e religiosos. Se há respeito pela vulnerabilidade do outro é sinal que se tem consciência que esta faz parte da condição humana, sabendo que poderá pedir ajuda no momento certo, sem medo de se ser julgado ou olhado como “coitadinho”. Talvez possa ser o início de um caminho que, evitando mortes lentas ou inesperadas, abrirá portas de Vida.
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