Guillaume Megevand
[Secção outros tons] A pele transformou-se em rejeição. Vesti-me a preceito, de leis, gritando a impureza que a sociedade submeteu, pondo-me em cantos longínquos e de rosto miseravelmente perdido. Apenas o olhar descoberto, deixando entrever que nunca deixei de ser apesar de todos me apontarem o contrário. Vi-te. Arrojei-me no teu caminho, impedindo-te o passo. Das entranhas, em som que acumulava o desejo da existência: “Se quiseres, podes curar-me!” Vimo-nos. Em olhar sem nojo, tocaste-me: “Quero: fica limpo.” Assim, sem mais, anulas essa lei de impurezas humanas que tanto matou em fé e em relação. Não esqueces a tradição e ordenas que me mostre a esses sacerdotes, como testemunho de novos tempos. O calar-me? Não consegui. Devolveste-me a coragem de ser, descobri o rosto. Nem me dei conta que assumiste, Tu, o deserto. Ficaste fora, nesses baldios onde estão o rejeitados. Ainda assim, ou talvez por isso, compreenderam a tua diferença e até hoje és o refúgio dos desgraçados. Só Deus sabe que ninguém o é.
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