“Paulo, são tantas as vezes que pergunto o que é a vida. Passei fronteiras, fugitivo da morte certa. Lembro-me em cada dia da minha família, de como seria se voltasse. Será isso viver? Será o recordar viver? Há dias que é uma merda. Sim, claro, estou a ser apoiado como refugiado, agradeço. Mas há dias que é uma merda. Eles estão lá e eu fugi. Que opção teria? Morrer? Aqui morro aos pedaços.” Regresso a casa, com as palavras a ecoar. Observo o rosto de cada pessoa no metro. Humedecem-me os olhos. Eu próprio sinto-me ridículo. Acendo a vela e vem-me a vontade de gritar muito… muito. Que fizemos? Que fazemos, nós humanos? Sim, há dias que é uma merda. A merda do poder. E vêm as ânsias de liberdade. E junto mais um nome à lista por quem penso, rezo e entrego a Deus.
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