terça-feira, 7 de outubro de 2014

[Ainda a] Liberdade



Chester Boyes


A propósito do post anterior, perguntaram-me: “Paulo, como consegues essa liberdade?” Obviamente não foi só graças a isto, mas… há coisas de 3 anos, depois de um grande discernimento, percebi em oração, com ajuda de algumas conversas, que estava na altura de dar um passo na minha formação: fazer um caminho de psicoterapia. Na altura senti vergonha, para além do medo de se achar que seria fraco, não sendo sequer capaz de ser “bom jesuíta e bom padre” por necessitar de psicoterapia. Sim, necessitava. E que bom que tive um director espiritual, um Superior e muitos companheiros com muita história de vida que me apoiaram neste caminho, ajudando a eliminar os primeiros fantasmas “vergonha” e “medo”. Foram dois anos, de encontros semanais com a Asún, que me fizeram ir aos infernos de mim, às dores do bullying, à riqueza de quem sou, às feridas, aos desejos, à fragilidade, à força, numa luta de quase corpo-a-corpo com Deus. Também passei (e às vezes ainda volta) pelo orgulho de “ah, agora és especial, pois estás a ser espectacular, corajoso, réubéubéu, pardais ao ninho”. Mais do que coragem, foi mesmo uma questão de perceber algo fundamental: “se a minha vida vai ser ajudar os outros a serem livres, tenho de, com a ajuda de Deus, de companheiros e de alguém preparado para isso, perceber o que se passa no meu caminho de liberdade”. Este foi um grande, enorme passo ou salto de confiança: há mesmo o Paulo de antes e o Paulo depois dos 2 anos de terapia… no entanto, o caminho continua… Deus também convida a isso, ou seja, a não estagnar nesse ser livre.

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