domingo, 21 de setembro de 2014

Entre pontos e cansaço



Huynh Jet


Estávamos 16 pessoas à mesa. Tão diferentes. Mais ou menos conhecidos uns dos outros. Alguém e algo nos unia. Celebrámos a sua vida e também a forma como nos vamos descobrindo em Corpo com a sua ajuda. Eu, padre, estava entre actores, administrativos, bailarinos, enólogos, encenadores, professores, psicoterapeutas, vizinhos, estilistas. Ausentei-me da mesa e quando voltei apanhei uma conversa a meio: “…quando se faz a casa do botão desta forma, há que dar um determinado jeito de mão com a agulha no puxar da linha, repetindo-se para ficar este arredondado. A posição do corpo tem de ser esta, para não cansar o movimento. Os pontos ressentem-se quando o movimento está cansado.” De regresso a casa, pensei nesta conversa e recordei alguns cansaços meus e em como vou percebendo que muitas pessoas estão cansadas… de si, dos outros, da vida… porque a sua “posição de corpo” não é a adequada. O medo, a vergonha, a pressão social, o falso pudor, fazem com que o corpo seja desconhecido e os “pontos” da vida ressentidos. Ainda há quem estranhe quando dou como penitência dar um abraço a si próprio… e depois a outros. ;) Estávamos 16 pessoas à mesa. Tão diferentes. Falou-se de Corpo e de pontos que se ressentem com o cansaço do movimento.

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