domingo, 3 de agosto de 2014

Arriscar e confiar



Miguel Parra


Fui celebrar Missa num campo de férias com miúdos entre o 6 e os 14 anos. Um deles, surdo, bastante "turbulento" e inquieto, segundo os animadores, aproximou-se de mim... para reconhecer e avaliar o intruso. Pus-me na brincadeira com ele. Alinhou, mas sem sorrir. Disse-lhe, muito devagar e de forma expressiva em gestos: "gostava de ver o teu sorriso." E pus-lhe os dedos junto da boca, para reforçar a ideia. Deu um sorriso enorme. Correu até ao pátio e voltou. "Gostava muito que te sentasses ao meu lado durante a Missa. Queres?" Pelos ares dos animadores, parecia que eu estava a arriscar uma missa "turbulenta". Confesso: arrisquei! E portou-se lindamente. Apontava-me as formigas a subir a alva e eu agradecia-lhe com "dá cá 5!!". Ele sorria. E nós todos celebrávamos. A multiplicação dos pães e peixes também pode ser de alegria e confiança. Para vivê-la há que arriscar.

3 comentários:

  1. Ao referir a presença de uma criança surda, lembrei-me dos intérpretes que, aos domingos, interpretam para Língua Gestual Portuguesa as missas, em Fátima. É um exemplo de inclusão que só engrandece a instituição Igreja. Felicidades

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  2. Arriscar nas pessoas trás muitas vezes bons resultados.
    Também fui animadora de campos de f´rias e adorava tornar a "feras" meus aliados.
    Saudades desses tempos.
    vidademulheraos40.blogspot.com.

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