quarta-feira, 3 de abril de 2013

Conforto ou saídas do ninho




Robert & Shana ParkeHarrison

(Versión en español en los comentarios)

Parece-me que o conforto é algo de que se gosta e dá segurança. No entanto, também pode ser uma forma de comodidade que impede ir mais longe. A história e a tradição não são de renunciar, contudo ficar fechado “no passado é que era”, não lendo as potencialidades do presente que apontam para o futuro, trava as “saídas do ninho confortável”. Os discípulos de Emaús perceberam isso com o partir do pão: o coração ardia e, mesmo de noite, saíram de casa para anunciar a novidade: já não é o medo que move, é a originalidade e criatividade da Vida.

6 comentários:

  1. Conforto o salidas del nido

    Me parece que el conforto es algo de que se gusta y da seguridad. Sin embargo, también puede ser una forma de comodidad que impide ir más lejos. La historia y la tradición no son de renunciar, pero quedarse cerrado “en el pasado era lo bueno”, no leyendo las potencialidades del presente que apuntan al futuro, frena las “salidas del nido confortable”. Los discípulos de Emaús se apercibieron de eso con el partir del pan: el corazón ardía y, incluso de noche, salieron de casa para anunciar la novedad: ya no es el miedo que mueve, es la originalidad y la creatividad de la Vida.

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  2. Aqui está uma grande verdade. E esse é um defeito dos portugueses em geral...acomodam-se demais ao que têm e não conseguem sair daquele mundinho que criaram para si. Eu por vezes também me agarro a isso, mas faço um esforço por me libertar e por procurar sempre mais. :)
    Vim fazer uma visita e espero poder voltar. :)
    beijinho

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    1. lilipat, bem-vinda!

      Esse é o desafio, conseguir sair e ir mais longe. Corre-se riscos? Claro que sim, mas quando bem acompanhados, aprende-se bastante. :)

      Obrigado pela visita. :)

      Beijinho!

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  3. Susana A.19:21

    Se me permite, parece-me que é exactamente isso que tem de acontecer dentro da igreja católica. Tal como disse no meu anterior e 1º comentário, sou agnóstica, não por opção mas por convicção (ou falta dela). Cresci, no entanto, no seio de uma família Católica que me tentou transmitir essa mesma fé e filosofia de vida. Na primeira parte não tiveram sucesso, mas na segunda, certamente que sim: ajo tal como gostaria que todos à minha volta agissem, tendo dar o exemplo mesmo acreditando que ninguém o verá, respeito todos, ajudo sempre que isso me é possível, e tento ser sempre uma pessoa justa e amável. Coloco o valor da vida e dignidade humanas no topo da minha hierarquia de valores, e tenciono deixar neste planeta uma marca positiva e um trabalho que sirva a todos da melhor forma na área que estudo e na qual tenciono trabalhar, que é a arquitectura.

    Acredito que a religião captará os jovens (ninguém gosta de ser orfão de fé), quando perceber que tem de se expôr à dúvida e assumir que terá muitas vezes de responder com perguntas devolvidas em vez de certezas ou frases feitas. Terá de colocar sobre a mesa, com clareza, aquilo que É, e que vai muito além (penso eu) da missa dominical, da hóstia, do baptismo e do casamento.

    Na idade média, a fé impunha-se por recurso ao medo de um Deus vingativo e vingador.

    No renascentismo, Deus não se impunha: procurava-se. Passou a ser luz, bondade, e em vez de se acenar ao pecador com a imagem do inferno, passou a acenar-se ao crente com a imagem do paraíso.

    E hoje?

    Ser padre não deve ser uma profissão - isso funcionava numa época em que a fé se herdava, tal como a toalha de linho da bisavó, e duvidar dava origem a segregação social - tem de ser uma missão levada a cabo por gente inspirada, com espírito de missão. A geração à qual pertenço, questiona. Faz perguntas, chateia, quer entender tudo. E os padres saberão cativar-nos quando, mais do que exigirem presenças numa missa fastidiosa e hermética, em rituais lúgubres e opressores, cujo propósito é tão pouco claro muitas vezes, se souberem sentar ao nosso lado e nos mostrarem que, apesar de provavelmente não poderem responder com certezas a nenhuma das nossas questões, que a igreja é a melhor forma (?) de podermos fazer, todos juntos, deste mundo um lugar melhor e mais justo.

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    1. Susana A,

      Muito obrigado pela partilha... Já comentarei com mais calma. Não o consigo fazer agora, mas queria deixar aqui registado que a li, com gosto. Assim que possa, já comentarei.

      Um Abraço, agradecido!

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    2. Susana A,

      Lendo com mais calma volto a agradecer.

      Acho piada aos detalhes. Neste caso, não pude deixar de sorrir pela sua honestidade em "ou da falta dela", quando se refere à convicção sobre a sua decisão de "agnosticismo". Gostava de referir com que é com a intenção de "ah, ah... aí está, vamos aproveitar para mostrar a crença verdadeira". Não... como digo, o sorriso tem que ver com a honestidade que vejo em si. Que depois se vai desenvolvendo no seguimento do comentário.

      A fé é essencial à humanidade, ao ser humano. Agora, há muitos planos de fé e da forma como se a vive. Eu acredito no Senhor que dá a Vida, aí reside a minha fé. A partir desse ponto, tento, por um lado, buscar a Vida (não é algo acabado, mas um processo de Encontro(s), por outro, ajudar as pessoas nesse processo. Por vezes pode ter muitas facetas, ou imagens, e há que dar passos nessa busca.

      Reconheço que, como Igreja, não fomos felizes (e às vezes ainda não o somos), no modo como deveríamos anunciar o Deus da Vida. Nós próprios estamos numa fase de readaptação aos novos tempos. Parece que não, nalgumas situações, mas... neste momento é claro, com os gestos e palavras do Papa Francisco.

      Precisamente por que vivemos, como diz bem, em meio de uma geração inquieta que "pergunta, chateia", não se pode ir pelo racionalismo extremo da doutrina, ou excesso de moralismo, mas por uma escuta atenta dessas mesmas inquietações. A crise, a justiça, o desemprego, a fome, as dificuldades amorosas e sexuais, a falta de esperança, o abandono da fé (pelas mais variadas razões), são razões e formas de "gritos" sobre uma busca, talvez num primeiro momento não de Deus, mas de quem se é. Mais do que nunca busca-se identidade. Ora, se eu, qual fervoroso homem de Deus, quero impingi-Lo, acabo por pôr o telhado da casa antes de alguns pilares. Tudo tem o seu tempo... e o respeito e escuta pelos processos "agnósticos", de "não-fé", têm de acontecer.

      Os Evangelhos são claros, antes da fé vinha a escuta, as curas, os entendimentos, depois "abriam-se os olhos", "os ouvidos" e... "a tua fé te salvou". Curiosamente, não é "a minha fé te salvou", mas "a TUA", ao teu modo e estilo. Claro, que há o perigo do relativismo, como cada qual vive a "sua fé". Num primeiro momento, talvez, cada pessoa vive a relação pessoal com Deus, a Transcendência, a Beleza, a Verdade, que se for bem desperta, implicará sempre a dimensão comunitária. E, como diz na primeira parte do comentário, os valores de respeito, entrega ao outro, fazer sem (necessidade) de reconhecimento, falam mais alto.

      No fundo, deixo de ter necessidade de reconhecimentos para "afagar o ego", porque por dentro vivo a fé de ser amado por Alguém, assim, infinitamente.

      Mas, claro, isto é o caminho a percorrer, que implica a "saída do ninho", de forma original e criativa. ;)

      Bom domingo!! :)


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