sábado, 7 de março de 2015

[A preparar o III Domingo da Quaresma]




"Vasos #23" de Martin Klimas


[Jo 2, 13-25] *

O tempo
nem sempre é sincronizado.

Havendo tempo para tudo,
também o há para desmontar
a linearidade lógica das coisas.

Abrem-se as portas e os umbrais,
derrubando as mesas, 
ordena-se o caos, 
estabelecendo a harmonia 
do novo olhar.

Rolas e pombos já não justificam os pobres,
os bois regressam para lavrar a terra,
a misericórdia não é feita dos seus sangues.

Ainda há quem diga que é loucura,
loucura escandalosa
para quem quer tudo acertado
em regras e segregações.
Já não são moedas, poder ou jogos,
actividades de distâncias
- sociais, religiosas, políticas -
que abrem a passagem.

É o rosto
do novo olhar
desnivelado.


Eis o sinal. 


* Estava próxima a Páscoa dos judeus; Jesus, então, subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nas suas bancas. Então fez um chicote com cordas e a todos expulsou do templo, juntamente com os bois e as ovelhas; jogou para o chão o dinheiro dos cambistas e derrubou as suas bancas, e aos vendedores de pombas disse: «Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um mercado!» Os discípulos recordaram-se do que está na Escritura: «O zelo pela tua casa me há de devorar».

Então os judeus perguntaram a Jesus: «Que sinal nos mostras para agires assim?» Jesus respondeu: «Destruí este templo, e em três dias eu o reerguerei». Os judeus, então, disseram: «Trabalharam durante quarenta e seis anos para erguer este templo e tu serias capaz de erguê-lo em três dias?» Ora, ele falava disso a respeito do templo que é o seu corpo. Depois que Jesus fora reerguido dos mortos, os discípulos recordaram as suas palavras e acreditaram na Escritura e no que Jesus tinha dito.

Estando em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos acreditaram no seu nome, vendo os sinais que realizava. Jesus, no entanto, não lhes dava crédito, porque conhecia a todos e não precisava de ser informado a respeito do ser humano. Ele bem sabia o que havia dentro do homem.

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