terça-feira, 27 de janeiro de 2009

País de Poetas



Eclipse
(fotografado na Indonésia)

Portugal é um país promiscuo. Não percebo bem onde começou toda esta azáfama sexual pelo poder, afinal, a presença do clero sempre foi muito forte e estava tudo muito bem distribuido, depois a outra senhora e depois encalhámos no 25 de Abril e nas liberdades alcançadas. Elas foram tantas, que se esqueceram, que nada resiste sem o minimo de restrições. É a libertinagem à solta. O meio empresarial, político, jurídico, do futebol, todos comungam das mesmas caras. Onde acaba um e começa outro é um gozo, não é a Olivia patroa nem a costureira, é aquele fartote, de ver por exemplo, o Eng. Sócrates aqui como PM e aqui + 1 sec como Secretário Geral. Depois da multiplicação da raça com o mulato, surge a dualidade da personalidade. somos um país de poetas!

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Mário Cesariny

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