quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Educação - Aterragem como professor!

Como escrevi, ontem dei as minhas primeiras aulas. Duas turmas de 5º ano e uma de 9º. Foi uma experiência engraçada… As apresentações, as perguntas, as manifestações de interesse, quer pelo colégio, quer pela disciplina. A forma como abordei o tema… Para os mais pequenitos, foi mais a responder a perguntas: “stôr, escrevo a ficha de apresentação a lápis ou a caneta?”; “Senhor professor, é para escrever o nome todo ou só o primeiro?”; “stôr, escrevo a palavra ’sumário’ no lado direito ou no centro do caderno?” e por aí fora… Vai ser bom, mais do que ensinar e explicar matérias, educar. Creio que será a minha principal função!

No 9º ano, já puxei um pouco mais. Comentei a importância de uma educação religiosa para a nossa vida, tendo em conta que muito da nossa cultura está inserida no religioso, independentemente de uma crença ou não. Além do mais, seria importante pensar que em muitos aspectos da informação, por exemplo, há uma ignorância estranha. Quando se lê, por exemplo, numa crónica “(…) ‘nem só de pão vive o homem’ como já o diz Paulo Coelho’ (…)”, é de arrepiar um bocadinho…

Tenho a sensação de que vou gostar muito de ser professor… Além do mais de educação religiosa. Houve um ou outro, do 9º, que comentou ser ateu com convicção. Dei-lhe o meu sorriso e respondi o normal: “não estou aqui para converter ninguém, apenas mostrar que a dimensão religiosa faz parte do humano, quer se queira, quer não”.

E eu, como me sinto? Por um lado uma vontade enorme, mas também, por outro, algum receio. Vontade por poder vir a ajudar a formar, mas receio de, sem querer, formatar. Não quero embarcar nos falsos respeitos, que, em nome de uma pseudo-tolerância, se dá a conhecer a religião de forma neutra e isenta, porque creio ser, no meu caso, impossível. Vou ensinar sobre a Bíblia, Antigo e Novo Testamentos, vou falar de Jesus, vou falar, inevitavelmente, da minha vida. Não acredito na plena neutralidade. Quero respeitar ao máximo a opinião dos alunos. Olhar para cada um com a sua história de vida, com a sua realidade pessoal. Afinal, não sou o detentor da verdade, posso ser de parte dela, mas não da verdade. Quero aplicar o que tenho maturado em mim: uma escuta atenta a cada um, na medida das minhas possibilidades.

Isto não fará de mim menos exigente. Recordo os melhores professores que tive e todos foram de uma grande exigência. Aprendi muito com eles e é isso que quero: que os meus alunos aprendam sobre as temáticas apresentadas, mas acima de tudo, os valores de responsabilidade, respeito, sentido de vida, encontro consigo e com os outros e que não sejam medíocres… Vai ser engraçado…

1 comentário:

  1. Vai ser bom ouvir contar as tuas estórias de educar.

    Serás por certo um grande educador.

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