É um mito pensar que existem «médias» para Medicina. Para as vagas que existem, concorrem varios alunos mas como a seriaçao é feita por medias, os candidatos com as medias mais altas ocupam os lugares antes dos demais. Actualmente, existem 7Faculdades de Medicina em Portugal continental e 2faculdades nas Ilhas (com apenas os 3primeiros anos), tendo Portugal atingido um numero de estudantes de medicina per capita mais elevado que o do Reino Unido. Para quem nao vive nessa realidade, as condiçoes que os hospitais universitarios e as faculdades oferecem aos seus alunos sao, em regra, más: faltam espaços de ensino e falta contratar medicos que sejam assistentes hospitalares e acompanhem os alunos correctamente; sobejam alunos nas faculdades, onde se assiste a aulas sentado nas escadas e sobejam alunos nos serviços, quase sempre descontextualizados, com poucos doentes por aluno e sem um papel proprio nos hospitais... So como exemplo, eu ja estive na confrangedora situaçao de ter de avaliar um doente com mais 6colegas em simultaneo... 7alunos e 1médico. E nao foi situaçao orfã.
Como se podem aperceber, aquilo que escrevo constitui apenas uma microscopica amostra da degradaçao das condiçoes do ensino medico que o crescente numero de vagas tem vindo a criar. Medicina nao é um curso de lapis e papel. Muito menos um aviario onde se engorda pintos, amontoados.
A verdade é que se chegou a esta situaçao devido a anos e anos de numeros clausus irrealistas e longe de serem suficientes para as necessidades do país. Isto claro, depois do boom do pos-25Abril, onde se formaram milhares de medicos em poucos anos, tendo-se achado que estes chegariam para as proximas decadas. Apos anos de um estrangulamento no ensino medico, as faculdades viram-se, nos anos 90, pressionadas por um Estado em panico, desenfreado, a abrir mais e mais vagas. Isto porque, imagine-se!, daí a uns anos não haveria médicos. Surpresa das surpresas.
Sim, é um paradoxo alguns dos nossos estudantes irem estudar para fora se depois vamos importar os serviços de estrangeiros. Contudo, nao é uma situaçao nova - já aconteceu em Espanha e em Italia «a fome dar em fartura»; Portugal apenas está a viver essa experiência pela primeira vez. Esperemos que a primeira fase nao implique a segunda mas apenas dependera do bom senso dos governantes dos proximos anos.
De facto, não faz o menor sentido. A menos que me escape alguma coisa ...
ResponderEliminarÉ um mito pensar que existem «médias» para Medicina. Para as vagas que existem, concorrem varios alunos mas como a seriaçao é feita por medias, os candidatos com as medias mais altas ocupam os lugares antes dos demais. Actualmente, existem 7Faculdades de Medicina em Portugal continental e 2faculdades nas Ilhas (com apenas os 3primeiros anos), tendo Portugal atingido um numero de estudantes de medicina per capita mais elevado que o do Reino Unido. Para quem nao vive nessa realidade, as condiçoes que os hospitais universitarios e as faculdades oferecem aos seus alunos sao, em regra, más: faltam espaços de ensino e falta contratar medicos que sejam assistentes hospitalares e acompanhem os alunos correctamente; sobejam alunos nas faculdades, onde se assiste a aulas sentado nas escadas e sobejam alunos nos serviços, quase sempre descontextualizados, com poucos doentes por aluno e sem um papel proprio nos hospitais... So como exemplo, eu ja estive na confrangedora situaçao de ter de avaliar um doente com mais 6colegas em simultaneo... 7alunos e 1médico. E nao foi situaçao orfã.
ResponderEliminarComo se podem aperceber, aquilo que escrevo constitui apenas uma microscopica amostra da degradaçao das condiçoes do ensino medico que o crescente numero de vagas tem vindo a criar. Medicina nao é um curso de lapis e papel. Muito menos um aviario onde se engorda pintos, amontoados.
A verdade é que se chegou a esta situaçao devido a anos e anos de numeros clausus irrealistas e longe de serem suficientes para as necessidades do país. Isto claro, depois do boom do pos-25Abril, onde se formaram milhares de medicos em poucos anos, tendo-se achado que estes chegariam para as proximas decadas. Apos anos de um estrangulamento no ensino medico, as faculdades viram-se, nos anos 90, pressionadas por um Estado em panico, desenfreado, a abrir mais e mais vagas. Isto porque, imagine-se!, daí a uns anos não haveria médicos. Surpresa das surpresas.
Sim, é um paradoxo alguns dos nossos estudantes irem estudar para fora se depois vamos importar os serviços de estrangeiros. Contudo, nao é uma situaçao nova - já aconteceu em Espanha e em Italia «a fome dar em fartura»; Portugal apenas está a viver essa experiência pela primeira vez. Esperemos que a primeira fase nao implique a segunda mas apenas dependera do bom senso dos governantes dos proximos anos.
Pedro Bastos, obrigado pelo comentário, fica uma visão por dentro, do que se passa.
ResponderEliminarHá aí uma coisa, pouco referida, penso que estou certo, quando refiro que,a falta de médicos, é mais sentida no interior, na provincia.
tenho também amigos, que referem a falta de vocação em detrimento da projecção social e do rendimento. mas isto são outras conversas. tks!