terça-feira, 13 de maio de 2008

Porque não recordar o pentecostes,...

... em que as línguas de fogo abriram para novas linguagens?

Quanto melhor conhecermos a língua, menos notório é esse desvio em relação à nossa língua materna e unicamente porque nunca conhecemos suficientemente bem as línguas estrangeiras é que temos esta sensação. Mas, não obstante, já se está a falar, mesmo que seja um falar hesitante, pois a hesitação é a obstrução de um desejo de falar e abre-se, assim, ao domínio infinito da expressão possível. Qualquer linguagem em que vivermos é infinita neste sentido, e será perfeitamente absurdo inferir que a razão está fragmentada porque existem várias linguagens. Sucede exactamente o inverso. Precisamente através da nossa finitude, da particularidade da nossa essência, é que se detecta toda a variedade de linguagens e o diálogo infinito abre-se na direcção da verdade que somos.


Hans-George Gadamer


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