quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Intemporal

"(...)
Conjugam por todos os modos o verbo rapio; porque furtam por todos os modos da arte (...). Começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos, é que lhe apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo imperativo, porque como têm o mero e misto império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina. Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam; e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos. Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem; e gabando as coisas desejadas aos donos dela, por cortesia sem vontade as fazem suas. Furtam pelo modo potencial, porque sem pretexto, nem cerimónia usam de potência. Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e nestes compram as permissões. Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos. (...)"

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Padre António Vieira
(400 anos passados do seu nascimento)

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