"A Universidade La Sapienza, fundada em 1303 pelo Papa Bonifácio VIII e que é uma das maiores instituições universitárias da Europa não conseguiu impedir que o protesto organizado de 67 (!) professores e uns tantos estudantes levasse ao cancelamento da visita do Papa, por ocasião da abertura do ano lectivo.
Uma vergonha, acho eu. Nem tanto o protesto, porque cada um é livre de se manifestar como muito bem entender e os outros de lhe darem a importância que merece. Pelo que li, o que é incompreensível é como é que uma manifestação deste tipo pode dar origem ao cancelamento da visita, dando assim uma dimensão quase universal, pelas repercussões, a uma atitude que só deveria merecer desprezo e censura.
Não aceito que um qualquer grupo que grite umas frases chocantes ou desrespeitosas seja suficiente para mudar a agenda do papa. É isso que assusta, é esta insuportável fraqueza perante a arrogância de quem acha que deve dizer aos gritos a sua opinião, tão alto que não deixe ouvir a dos outros, nem que seja a do Papa.
Acho muito triste que, de todas as notícias que procurei, nem uma tenha adiantado uma forte razão para a desistência, o risco de vida, os motins, a insegurança, sei lá, qualquer circunstância imbatível que não nos deixasse a acreditar que é fácil limitar os movimentos do Papa.
Também acho patético que todos os altos responsáveis políticos italianos se tenham apressado a manifestar grande repúdio pelas manifestações, grande preocupação pelo acontecido, como se fossem impotentes para o evitar, ainda por cima afirmando "o direito de o papa falar", afirmação que, só por si, dá bem a imagem da cobardia e da hipocrisia política. Como se fosse sequer de admitir a dúvida sobre esse direito! Como se fosse precisa essa solidariedade!
A Igreja católica italiana convocou uma manifestação de defesa do pontífice para domingo na praça de São Pedro na hora da oração do Ângelus, dizem as notícias, e eu fico perplexa. O Papa vítima impotente de uma manifestação numa universidade, tolhido no seu direito de expressão, como um qualquer perseguido pelas fúrias indomáveis da tirania...!
Não admira, assim que, segundo um jornal, a ministra italiana para os Assuntos da União Europeia tenha tido o topete e a desconsideração de esclarecer que "Ninguém deseja calar o papa ou tentar negar-lhe o direito de expressão. Acho preocupante o quadro com que nos deparamos hoje: o único que tem espaço para falar, a qualquer hora, é o papa."
Por mim, não tenho sequer o impulso de comentar a atitude e o teor do protesto, mal teria dado por ele se não o tivessem promovido à desmesurada categoria de "ameaça à liberdade de expressão do papa".
No meio disto tudo, perde-se a mensagem, apesar da publicação do discurso logo no dia da visita cancelada. Qual é o sinal de força de um papa "amordaçado" por um punhado de manifestantes numa Universidade em Roma?"
Uma vergonha, acho eu. Nem tanto o protesto, porque cada um é livre de se manifestar como muito bem entender e os outros de lhe darem a importância que merece. Pelo que li, o que é incompreensível é como é que uma manifestação deste tipo pode dar origem ao cancelamento da visita, dando assim uma dimensão quase universal, pelas repercussões, a uma atitude que só deveria merecer desprezo e censura.
Não aceito que um qualquer grupo que grite umas frases chocantes ou desrespeitosas seja suficiente para mudar a agenda do papa. É isso que assusta, é esta insuportável fraqueza perante a arrogância de quem acha que deve dizer aos gritos a sua opinião, tão alto que não deixe ouvir a dos outros, nem que seja a do Papa.
Acho muito triste que, de todas as notícias que procurei, nem uma tenha adiantado uma forte razão para a desistência, o risco de vida, os motins, a insegurança, sei lá, qualquer circunstância imbatível que não nos deixasse a acreditar que é fácil limitar os movimentos do Papa.
Também acho patético que todos os altos responsáveis políticos italianos se tenham apressado a manifestar grande repúdio pelas manifestações, grande preocupação pelo acontecido, como se fossem impotentes para o evitar, ainda por cima afirmando "o direito de o papa falar", afirmação que, só por si, dá bem a imagem da cobardia e da hipocrisia política. Como se fosse sequer de admitir a dúvida sobre esse direito! Como se fosse precisa essa solidariedade!
A Igreja católica italiana convocou uma manifestação de defesa do pontífice para domingo na praça de São Pedro na hora da oração do Ângelus, dizem as notícias, e eu fico perplexa. O Papa vítima impotente de uma manifestação numa universidade, tolhido no seu direito de expressão, como um qualquer perseguido pelas fúrias indomáveis da tirania...!
Não admira, assim que, segundo um jornal, a ministra italiana para os Assuntos da União Europeia tenha tido o topete e a desconsideração de esclarecer que "Ninguém deseja calar o papa ou tentar negar-lhe o direito de expressão. Acho preocupante o quadro com que nos deparamos hoje: o único que tem espaço para falar, a qualquer hora, é o papa."
Por mim, não tenho sequer o impulso de comentar a atitude e o teor do protesto, mal teria dado por ele se não o tivessem promovido à desmesurada categoria de "ameaça à liberdade de expressão do papa".
No meio disto tudo, perde-se a mensagem, apesar da publicação do discurso logo no dia da visita cancelada. Qual é o sinal de força de um papa "amordaçado" por um punhado de manifestantes numa Universidade em Roma?"
Suzana Toscano, in 4ª República
É uma grande honra, ver-me aqui publicada n' o. insecto. Muito obrigada!
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