sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

De fugir!


Não perderia muito tempo a escrever uma linha sequer sobre este espectáculo se não sentisse ser meu dever alertar para algo de tão má qualidade. Feita esta ressalva, passo a explicar: fui esta noite ao Teatro da Trindade assistir à estreia de 'Made in Brazil', uma criação do grupo "d'As Entranhas". Segundo os seus autores estaria perante "um show de variedades musical em white socks e black tie do best of the great brazilian performers... Instantâneos em playback … duetos de faca e alguidar… canções de amor… 10 pares de pernas em solos, quartetos e quintetos de chorar as pedras da calçada... Uma sessão de covers e undercovers, mesmo ao virar da esquina...”.
Pegar em ícones da cultura pop brasileira parecia-me um bom ponto de partida. Mas, na realidade não consegui ficar a assistir àquilo mais do que 20 minutos. As boas intenções do grupo rapidamente se transformaram em pretenciosismo e pobreza artística. Ver homens e mulheres vestidos de mulheres e homens a fazerem playback cantando, a gesticular excessivamente sem que o excesso fosse kitsch, tornou-se, no mínimo, num exercício de tortura. 'Made in Brazil' é mau. É muito mau mesmo. Em qualquer grupo de teatro amador de bairro o talento deve ser maior. Assisti nos 20 minutos que aguentei (o espectáculo tem a duração de 67 minutos e meio, segundo anunciam no início) a um desfile de misérias, de falta de talento, de gente feia e de coreografias ridículas. Salvam-se os figurinos da responsabilidade d' A outra face da lua.
Por todas estas razões sugiro que evitem passar pelo teatro-bar do Teatro da Trindade entre 24 de Janeiro e 23 de Fevereiro, todas as 5ª, 6ª e sábados pelas 23 horas. É mesmo de fugir!

1 comentário:

  1. ...Gostaria de lhe colocar três questões, caro Gonçalo...
    - Foi o único espectador?
    - Quando abandonou a sala, ficaram outros espectadores a assistir?
    - Notou se durante os vinte minutos que o seu refinado bom gosto, suportou a atrocidade de permanecer espectante de uma evolução teatral, alguem esboçou um aplauso à actuação?

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