segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O S.Carlos ainda é o que era

Queixava-se Morgado Louro de que "houve uma altura que o público de Lisboa era conhecido pela exigência de critério com que recebia os artistas, tanto que mesmo para os maiores, Lisboa era uma prova de fogo. E hoje? Parece que assistimos aquelas inserções playback de palmas, qualquer carapau leva consigo ovações estrondosas". Eu acrescentaria que qualquer cantor que vinha a S. Carlos tremia antes da récita, com medo da exigência do público. Depois, passou-se a um tempo sem critério, em que as palmas, os bravos e a assistência de pé era o normal, cantassem bem ou mal.
Hoje o começo da temporada de ópera, com o Rigoleto, mostrou que, aos poucos, o gosto e, sobretudo, o conhecimento musical do público do S. Carlos, se voltou a apurar. Com interpretações no geral medíocres, no canto e na interpretação, com relevo para Saimir Pigu (Duque de Mântua) e Chelsey Schill (Gilda), a pateada soou naquela sala, a par de palmas brandas, como que envergonhadas. É para que saibam!

1 comentário:

  1. Anónimo10:00

    Lisboa foi prova de fogo?
    Quando?
    Como?
    Se Portugal, quase sempre esteve, culturalmente na periferia, como o podia ser?

    Nunca fomos prova de fogo, vejam por exemplo as entrevistas à Callas quando veio ao S.Carlos ( na net encontra-se tudo), como podem perguntas tão provincianas intimidar alguém?

    Sim, pateava-se em Lisboa, prática que se perdeu com a democratização da cultura, passando-se por períodos confrangedores, com palmas durante as actuações, bravos por tudo e por nada, muito mais visível no S.Carlos do que na Gulbenkian (aliás não me recordo de tal na Gulbnekian)

    Mas esses tempos também já se começam a diluir com alguns anos de banho de Europa, e essa do qualquer “carapau leva uma estrondosa ovação”, parece-me quase um delírio, tão grande como afirmar que Lisboa foi prova de fogo.

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