sexta-feira, 22 de junho de 2007

Uníssono...



Quintas de Leitura!


Ontem fui ao Teatro do Campo Alegre (Porto) para ver uma performance de Ana Borralho e João Galante: Uníssono. O programa desta "Quinta de Leitura" começava com a performance, seguindo-se uma conversa entre a Maria João Seixas e a Maria do Rosário Pedreira e depois um recital de alguns poemas de Maria do Rosário, terminando com Aldina Duarte a cantar fado.


Poderia escrever sobre a poesia da Maria do Rosário Pedreira… Mexeu comigo! Mas quero ficar pelo Uníssono


Fios colados ao pescoço… União… Luz encarnada de fundo… Projecção de foco branco sobre os dois… E um beijo, um prolongado beijo de 15 minutos…


O que senti? Olhar e perceber que havia a união com sentido. Duas pessoas que se beijam apaixonadamente, esquecendo que tudo o resto existe, levados pelo prazer de simplesmente ali estar, a se amarem… Enquanto o beijo acontecia, iam ligando os fios a colunas e surgiam sons. Sons que falavam do que ali se passava. Houve momentos de humor, simplesmente pelo beijo. O encontro entre duas pessoas…


Quando a Performance acabou, a Maria João Seixas atribui-a de “Litúrgica”. Os meus “cabos” começaram a conectar-se… Sim, de facto foi uma liturgia, um encontro sério entre duas pessoas que se amam e trocam o que de melhor têm de si, numa fusão, num beijo. De repente veio-me à cabeça uma passagem em que François Varillon, teólogo, fala da relação com Deus através do beijo. No beijo estamos numa união tal que o ar vital encontra-se em Uníssono.


Ontem à noite vi um beijo que, para mim, representou muita comunhão, da mais carnal à mais mística...

3 comentários:

  1. O beijo, o eterno efemero...

    ResponderEliminar
  2. De blog em blog vim aqui parar. Também estive nas Quintas de Leitura e do que menos gostei foi do Uníssono. Adorei a poesia da Maria do Rosário Pedreira, a participação fabulosa da Maria João Seixas e a voz (e poesia) nos fados da Aldina Duarte. De toda a noite, apenas não gostei do uníssono...não senti união, não senti nada. Apenas um beijo que nunca mais acabava...e um beijo que pode ser algo de tão maravilhoso...De facto não gostei. por isso é que o mundo não se vira ao contrário...todos gostamos de coisas diferentes.

    Gostei imenso do vosso Blog. Parabéns!

    ResponderEliminar
  3. Olá Verde!

    Muito obrigado pela sua visita!

    Como diz, ainda bem que gostamos de coisas diferentes, dá um certo equilíbrio.

    Não me alonguei muito no post, mas penso que há muita ligação com a nossa história, com a nossa vivência das coisas que nos levam a aproximar mais ou menos daquilo que vemos. De facto, a princípio surgiu-me um ou outro preconceito, mas depois tentei (conseguindo) libertar-me deles e "entrar" pelo que ali estava a acontecer. O mesmo se passou com o momento da poesia... Deixei-me levar!

    Recentemente fiz um trabalho para a faculdade, o qual intitulei "Do Corpo à Carne". Também por isto acabei por estar mais sensível a pequenos pormenores que se passaram no Uníssono.

    Agora, percebi perfeitamente que o Uníssono não causou união na sala. A poesia "unificou" muito mais, não há dúvida... E tenho vontade de "saborear" um pouco mais Maria do Rosário Pedreira!

    Verde, mais uma vez Obrigado!
    Volte sempre.

    ResponderEliminar