sábado, 2 de junho de 2007

Dia de Todas as Crianças


"Se lhes dou esses detalhes sobre o asteróide B 612 e lhes confio o seu número, é por causa das pessoas grandes. As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que coleciona borboletas?" Mas perguntam: "Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..." elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"
O Principezinho, cap. IV

2 comentários:

  1. Foi em 1900, em Lyon que Antoine de Saint-Exupéry nasceu. A data foi uma brincadeira com números, apesar de correcta, obviamente, não foram aqueles numeros que projectaram o escritor para a posteridade, mas sim o seu pequeno principe, pela magnânimidade do seu conteúdo, muitíssimo bem ilustrado com o pequeno excerto que aqui deixa. Saint-Exupery foi aviador, tenho uma teoria que de algum modo está relacionada com a aviação, na medida em que do alto se tem uma prespectiva diferente da terra. Os grandes acontecimentos bíblicos, na sua maioria, ocorreram num cenário de cimo de monte. Moisés recebeu as tábuas no cimo do Sinai, Cristo foi crucificado no cimo de um monte, uma das suas prédicas mais relevantes ocorreu no monte das oliveiras, a arca de Noé foi construida no cimo de um monte, chega. Então a minha teoria, ou reflexão, diz-me que, a prespectiva do mundo tirada do alto de um monte, dá-nos uma visão diferente dos problemas sociais, daquela que temos quando nos encontramos num plano raso. Um tanto mal comparado, é como quando estamos a construir um puzzle e procuramos "aquela" peça, ou quando estamos nas "chegadas" de um aeroporto a procuram alguem, no meio da multidão.
    A prespectiva do mundo de um plano mais elevado é diferente e talvez tenha sido isso, associado a um "olhar" mais sensível e humano que fez Antoine de Saint-Exupéry, construir aquela obra-prima.

    ResponderEliminar
  2. Tem razão Bartolomeu, as coisas vistas de um plano superior não têm os detalhes que nos fazem perder a noção do conjunto. Nunca tinha pensado nisso, mas os exemplos que dá são bem ilustrativos da sabedoria divina!

    ResponderEliminar