segunda-feira, 25 de junho de 2007

Acabou-se a infância

"Elisa - Vou sair.
Varela - Onde é que vais?
Elisa - Apanhar ar. Aqui não se consegue respirar.
Cleanto - Faz ela muito bem. Isto não ata nem desata. Ninguém toma uma atitude. Está tudo com medo. Ou então desinteressado. É ou não é, Anselmo?
Anselmo - Eu por mim sou hoje como fui ontem, ou daqui a uma semana como há uma semana atrás.
Cleanto - Só é pena crescerem as rugas e aumentar a pança.
Anselmo - Quanto a isso nada se pode fazer.
Cleanto - Nada se pode fazer contra nada.
Varela - Onde é que leu tal coisa?
Cleanto - Em todo o lado, seu ignorante. Santa mediocridade... Para quando um banho de sabão a este mundo? Para quando a higiene mental? Repetem-se as asneiras, cruzam-se os braços, disparam-se as armas. Eu renuncio à luta armada. Deponho o revólver e recuso-me a fazer como antes. Acabou-se o fogo de vista. Acabou-se a infância.
Arpagão - Poupar a vida. Poupar a vida. Poupar a vida. Poupar a vida."

"O Avarento ou A Última Festa"
de José Maria Vieira Mendesa partir de "O Avarento" de Molière
de 27 JUN a 8 JUL no Teatro Nacional de São João, no Porto

1 comentário:

  1. "Já sinto o cheiro das pipocas e do algodão doce. Nada como uma festa para alegrar a população. Estou cá com uma falta de fogo de artifício."
    Maravilhosos!
    Todos ao Porto!

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