Tenho um amigo holandês que me diz que dois dos grandes males dos portugueses é não gostarem de trabalhar e de passarem metade do seu tempo a queixarem-se da vida e do que lhes acontece. Pode até ser verdade, mas temos uma relação muito especial com o trabalho. O português gosta, essencialmente, de ver alguém a trabalhar, dá-lhe imenso prazer ver outra pessoa a trabalhar, a fazer qualquer coisa. Quem já não viu um aglomerado de gente à volta de um miserável dentro de um buraco, com uma pá, a fazer um buraco e os outros todos a opinar sobre o buraco que está a ser feito?
E falo por mim, em criança adorava ver a mulher-a-dias da minha avó a passar a ferro, era de uma tal perfeição que aquilo me deliciava só em ver. Claro está, que esta grande vontade de ver não passa disso mesmo, ver e só ver, ajudar, dar uma mãozinha, nunca. O português nunca tem pena de quem trabalha, se estas a trabalhar foi porque fizeste alguma coisa que não devias, ou armaste-te em trabalhador à séria, ou queixaste-te que não tinhas trabalho, ou porque não foste suficientemente inteligente para conseguir um emprego e tens um trabalho. Quem melhor para representar esta imagem que o belo funcionário público de 50 anos, colocado numa repartição de apoio ao jovem agricultor em Almada, onde jovens existem cada vez menos e jovens agricultores muito menos.
E assim deixaríamos de ter a relação trabalhador/desempregado e passaríamos a ter a relação trabalhador/voyeur.
E falo por mim, em criança adorava ver a mulher-a-dias da minha avó a passar a ferro, era de uma tal perfeição que aquilo me deliciava só em ver. Claro está, que esta grande vontade de ver não passa disso mesmo, ver e só ver, ajudar, dar uma mãozinha, nunca. O português nunca tem pena de quem trabalha, se estas a trabalhar foi porque fizeste alguma coisa que não devias, ou armaste-te em trabalhador à séria, ou queixaste-te que não tinhas trabalho, ou porque não foste suficientemente inteligente para conseguir um emprego e tens um trabalho. Quem melhor para representar esta imagem que o belo funcionário público de 50 anos, colocado numa repartição de apoio ao jovem agricultor em Almada, onde jovens existem cada vez menos e jovens agricultores muito menos.
E assim deixaríamos de ter a relação trabalhador/desempregado e passaríamos a ter a relação trabalhador/voyeur.
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