Na próxima sexta feira é transmitida na RTP1 a obra-prima cinematográfica "A Paixão de Cristo". Vi o filme no cinema aquando da sua estreia. Nessa altura escrevi sobre o que vi. Em tempo de Páscoa deixo aqui a minha reflexão.
"(...) Não achei, como se diz por aí, um filme de fanatismos.
Do ponto de vista meramente técnico está magistralmente realizado, com imagens lindíssimas e extremamente poéticas que se destacam no meio de toda a violência.
Quanto ao argumento em si, ou seja, a sua fidelidade para com a História e para com os textos Bíblicos, acredito como cristão, ter sido exactamente assim que tudo se passou.
Estava habituado a pensar numa imagem de Cristo apenas e só enquanto Deus na terra, como se isso fizesse dele um Super-Homem, imune à dor, cuja condição física tinha um plano secundário, sem nunca ter pensado que era exactamente essa sua condição que o reduzia a um Homem, tão humano como nós, com dúvidas, medos, sofrimento e dor. E este filme retrata tudo isso. Cristo teve dúvidas, Cristo sentiu medo, Cristo chorou de dor e de desespero, Cristo agonizou até morrer.
Admito que não é um filme fácil. Mas os desempenhos de todos os actores ajudam-nos a suportar a provação de tortura e violência a que Cristo se sujeitou por nós.
Maria, mãe de Jesus aparece como uma mulher que sofre, dividida pela causa maior de serviço a Deus e pelo imenso e incálculável sofrimento de ver um filho morrer no meio de tanto ódio. Esta Mulher aparece no filme mais humana que nunca, com uma honestidade constrangedora de tão frontal, sem artífícios ou heroísmos perfeitamente desnecessários. Basta um olhar da sua mãe para Cristo se erguer e mostrar até ao fim uma dignidade tão pouco humana mas em tudo divina.
Maria Madalena aparece, bonita, simples, com um olhar atormentado pela fé e pelo amor a Cristo. Mónica Belluci percebeu na perfeição qual a dimensão do seu papel e não ultrapassa nunca os limites do que é aceitável. O seu sofrimento é contido, como se a fé num admirável mundo novo justificasse tudo o que estaria a testemunhar. Nunca uma Maria Madalena foi tão fiel à sua imagem!
Até a personagem mais fantasiada da história (e por isso menos real), um demónio que vai aparecendo em determinados momentos chave, é recriado com uma veracidade quase inquestionável. Como se este espírito maligno de Mel Gibson fosse de facto a personificação imaginada do mal.
O filme é cheio de detalhes. Mais do que um Deus, O HOMEM. Mais do que um filme, uma luz. Mais do que violência, o sacrifício. Mais do que a morte, a Salvação. Mais do que o ódio, o amor de quem sabia não ser amado.
Há que ver com atenção, e quem sabe, rever. Eu tenciono fazê-lo. Há neste filme uma beleza perturbadora que transcende o ecrã. A sua luz, a sua realização, a sua direcção artística, a sua música (e que música!) fazem dele uma obra prima do cinema, muito além de questões mundanas como os fanatismos ou a violência. É um filme de família, para a família. De Deus e todas as outras.
Cristo existiu. Isso é um facto. Cristo morreu por nós. Isso é outro facto. Depois há questões de fé... muito pouco factuais. A mim tocou-me. Muitíssimo. Reconciliou-me com Deus. Muitíssimo. A minha Páscoa será seguramente uma Páscoa diferente."
Do ponto de vista meramente técnico está magistralmente realizado, com imagens lindíssimas e extremamente poéticas que se destacam no meio de toda a violência.
Quanto ao argumento em si, ou seja, a sua fidelidade para com a História e para com os textos Bíblicos, acredito como cristão, ter sido exactamente assim que tudo se passou.
Estava habituado a pensar numa imagem de Cristo apenas e só enquanto Deus na terra, como se isso fizesse dele um Super-Homem, imune à dor, cuja condição física tinha um plano secundário, sem nunca ter pensado que era exactamente essa sua condição que o reduzia a um Homem, tão humano como nós, com dúvidas, medos, sofrimento e dor. E este filme retrata tudo isso. Cristo teve dúvidas, Cristo sentiu medo, Cristo chorou de dor e de desespero, Cristo agonizou até morrer.
Admito que não é um filme fácil. Mas os desempenhos de todos os actores ajudam-nos a suportar a provação de tortura e violência a que Cristo se sujeitou por nós.
Maria, mãe de Jesus aparece como uma mulher que sofre, dividida pela causa maior de serviço a Deus e pelo imenso e incálculável sofrimento de ver um filho morrer no meio de tanto ódio. Esta Mulher aparece no filme mais humana que nunca, com uma honestidade constrangedora de tão frontal, sem artífícios ou heroísmos perfeitamente desnecessários. Basta um olhar da sua mãe para Cristo se erguer e mostrar até ao fim uma dignidade tão pouco humana mas em tudo divina.
Maria Madalena aparece, bonita, simples, com um olhar atormentado pela fé e pelo amor a Cristo. Mónica Belluci percebeu na perfeição qual a dimensão do seu papel e não ultrapassa nunca os limites do que é aceitável. O seu sofrimento é contido, como se a fé num admirável mundo novo justificasse tudo o que estaria a testemunhar. Nunca uma Maria Madalena foi tão fiel à sua imagem!
Até a personagem mais fantasiada da história (e por isso menos real), um demónio que vai aparecendo em determinados momentos chave, é recriado com uma veracidade quase inquestionável. Como se este espírito maligno de Mel Gibson fosse de facto a personificação imaginada do mal.
O filme é cheio de detalhes. Mais do que um Deus, O HOMEM. Mais do que um filme, uma luz. Mais do que violência, o sacrifício. Mais do que a morte, a Salvação. Mais do que o ódio, o amor de quem sabia não ser amado.
Há que ver com atenção, e quem sabe, rever. Eu tenciono fazê-lo. Há neste filme uma beleza perturbadora que transcende o ecrã. A sua luz, a sua realização, a sua direcção artística, a sua música (e que música!) fazem dele uma obra prima do cinema, muito além de questões mundanas como os fanatismos ou a violência. É um filme de família, para a família. De Deus e todas as outras.
Cristo existiu. Isso é um facto. Cristo morreu por nós. Isso é outro facto. Depois há questões de fé... muito pouco factuais. A mim tocou-me. Muitíssimo. Reconciliou-me com Deus. Muitíssimo. A minha Páscoa será seguramente uma Páscoa diferente."
Pedro Rapoula
Páscoa... Passagem!
ResponderEliminarPaixão... Entrega!
Morte... Porta!
Ressureição... Vida!
Vivemos em tempos que dissolvem estes momentos em mais uns dias de férias... Esta Semana encerra um ciclo de ascendência... Jesus, Deus Encarnado, entrega-se na totalidade numa obediência "até à morte e morte de Cruz" (Fil 2,8) que o leva a quebrar o fim, tornando-o numa passagem. O cume do Seu reinado dá-se na entrega, com o suspiro final.
Como é que se vive a Páscoa? Como é que se vive a Passagem diária para um novo dia, tendo de passar por uma morte, em cada noite que passa? A Paixão aterra-nos porque temos medo do abandono total, do compromisso... Está intríseco ao ser humano. É difícil viver a total liberdade do despojamento. Estes momentos não são entendidos, pois a entrega pelo outro aos poucos vai deixando de ter importância.
Tal como o Natal acontece em cada dia, a Semana Santa também marca a sua presença. Uma sem a outra não têm sentido.
Deixemo-nos amar, este Homem deu tudo por nós...
Uma Boa Semana Santa para todos! Deixem que Ele se baixe e vos lave os pés...
Que texto é este!
ResponderEliminarA narrativa não se traduz linha a linha... é como a vida...sente-se!
Se oferecer coerência...identificamo-nos...
Calma ai com a envagelização pró-americana.
Sinceramente, eu acho este filme uma alienação sem interesse... aliás sinto!
Com os efeitos especiais do divino a estremecer o Templo... ao menos a versão do Zeffireli tem menos fogo de artifício para cativar...a dúvida na altura da entrega é maior...
...Com calma!
Que o conhecimento da condição humana não nos seja dado apenas pelas mega produções...
Deus nos Livre!
Sinto alguma confusão neste blog... eu sei é difícil nos tempos que correm não ser-se mergulhado pela incoerência... mas este eruditismo sem ponta por onde se lhe pegue, viajando na maionese... mais vale a pena ser-se mesmo insecto, funcional e Pronto!
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