quarta-feira, 26 de abril de 2006

Depois do Adeus


Acordámos nessa coisa, por vezes sinistra, por vezes obscura, por vezes luminosa, chamada PREC.

1 comentário:

  1. Aldeia da meia-praia, ali mesmo ao pé de lagos
    Vou fazer-te uma cantiga da melhor que sei e faço

    De monte-gordo vieram, alguns por seu próprio pé
    Um chegou de bicicleta outro foi de marcha a ré

    Quando os teus olhos tropeçam no voo de uma gaivota
    Em vêz de peixe vê peças de oiro caindo na lota

    Quem aqui vier morar, não traga mesa nem cama
    Com sete palmos de terra se constrói uma cabana

    Tu trabalhas todo o ano, na lota deixam-te mudo
    Chupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludo

    Quem dera que a gente tenha de agostinho a valentia
    Para alimentar a senha de esganar a burguesia

    Adeus disse a monte-gordo, nada o prende ao mal passado
    Mas nada o prende ao presente se só ele é o enganado

    Oito mil horas contadas laboraram a preceito
    Até que veio o primeiro documento autenticado

    Eram mulheres e crianças, cada um com seu tijolo
    Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo

    E se a má lingua não cessa, eu daqui vivo não saia
    Pois nada apaga a nobreza dos índios da meia-praia

    Foi sempre a tua figura tubarão de mil aparas
    Deixas tudo á dependura quando na presa reparas

    Das eleições acabadas do resultado previsto
    Saiu o que tendes visto muitas obras embargadas

    Mas não por vontade própria porque a luta continua
    Pois é dele a sua história e o povo saiu á rua

    Mandadores de alta finança fazem tudo andar p’ra traz
    Dizem que o mundo só anda tendo á frente um capataz

    Eram mulheres e crianças cada um com seu tijolo
    Isto aqui era uma orquestra, que diz o contrário é tolo

    E toca de papelada no vaivém dos ministérios
    Mas hão-de fugir aos berros inda a banda vai na estrada...

    Zeca "The Man" Afonso

    Não sei se impulsionado pela revolução, mas lembrei-me desta cantiga!

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