Aldeia da meia-praia, ali mesmo ao pé de lagosVou fazer-te uma cantiga da melhor que sei e façoDe monte-gordo vieram, alguns por seu próprio péUm chegou de bicicleta outro foi de marcha a réQuando os teus olhos tropeçam no voo de uma gaivotaEm vêz de peixe vê peças de oiro caindo na lotaQuem aqui vier morar, não traga mesa nem camaCom sete palmos de terra se constrói uma cabanaTu trabalhas todo o ano, na lota deixam-te mudoChupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludoQuem dera que a gente tenha de agostinho a valentiaPara alimentar a senha de esganar a burguesiaAdeus disse a monte-gordo, nada o prende ao mal passadoMas nada o prende ao presente se só ele é o enganadoOito mil horas contadas laboraram a preceitoAté que veio o primeiro documento autenticadoEram mulheres e crianças, cada um com seu tijoloIsto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é toloE se a má lingua não cessa, eu daqui vivo não saiaPois nada apaga a nobreza dos índios da meia-praiaFoi sempre a tua figura tubarão de mil aparasDeixas tudo á dependura quando na presa reparasDas eleições acabadas do resultado previstoSaiu o que tendes visto muitas obras embargadasMas não por vontade própria porque a luta continuaPois é dele a sua história e o povo saiu á ruaMandadores de alta finança fazem tudo andar p’ra trazDizem que o mundo só anda tendo á frente um capatazEram mulheres e crianças cada um com seu tijoloIsto aqui era uma orquestra, que diz o contrário é toloE toca de papelada no vaivém dos ministériosMas hão-de fugir aos berros inda a banda vai na estrada...Zeca "The Man" AfonsoNão sei se impulsionado pela revolução, mas lembrei-me desta cantiga!
Aldeia da meia-praia, ali mesmo ao pé de lagos
ResponderEliminarVou fazer-te uma cantiga da melhor que sei e faço
De monte-gordo vieram, alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta outro foi de marcha a ré
Quando os teus olhos tropeçam no voo de uma gaivota
Em vêz de peixe vê peças de oiro caindo na lota
Quem aqui vier morar, não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano, na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha de agostinho a valentia
Para alimentar a senha de esganar a burguesia
Adeus disse a monte-gordo, nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas laboraram a preceito
Até que veio o primeiro documento autenticado
Eram mulheres e crianças, cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo
E se a má lingua não cessa, eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza dos índios da meia-praia
Foi sempre a tua figura tubarão de mil aparas
Deixas tudo á dependura quando na presa reparas
Das eleições acabadas do resultado previsto
Saiu o que tendes visto muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria porque a luta continua
Pois é dele a sua história e o povo saiu á rua
Mandadores de alta finança fazem tudo andar p’ra traz
Dizem que o mundo só anda tendo á frente um capataz
Eram mulheres e crianças cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, que diz o contrário é tolo
E toca de papelada no vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros inda a banda vai na estrada...
Zeca "The Man" Afonso
Não sei se impulsionado pela revolução, mas lembrei-me desta cantiga!