segunda-feira, 30 de setembro de 2013

(...) [ou abstenção]




Vejo os resultados (confesso que me custou não votar este ano), sobretudo o valor da abstenção, e dá-me pena e tristeza. Penso, tomando uma posição de ingénua compreensão, que seja a forma que muitas pessoas encontram para reivindicar que estão fartas do (des)governo local ou nacional. Como as memórias são cada vez mais curtas e estuda-se cada vez menos História, esquece-se o quanto custou (vidas até) a milhares, de homens e depois mulheres, para conseguir exercer a opinião numa cruz de voto. Passou-se da ditadura à democracia, mesmo sendo “a pior forma de governo”. Mas, pergunto-me se não há um desejo de passar da democracia à ditadura? E de “Casa Portuguesa”, passa-se à “Casa dos degredos”.



domingo, 29 de setembro de 2013

[Arc]anjos




Muhammed Muheisen/Associated Press

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Diz que Deus por vezes é tímido. Ou então, o seu rosto é tão intenso que não é possível vê-lo directamente. Por isso envia os anjos. Apareceram a Abraão, um lutou com Jacob, Gabriel encontrou-se com Maria. Mensageiros: mostram a importância da humanidade. Hoje recorda-se os Santos Arcanjos. É dia de trazer à memória a quantidade de anjos que acompanham, abraçam, fazem rasgar caminhos, não deixam ninguém só mesmo na maior solidão. Tantos de carne e osso, com nome concreto... meio disfarçado. 

sábado, 28 de setembro de 2013

Amor [vs Monotonia]




(Versión en español en los comentarios)

Tenho para mim que muitas relações acabam por monotonia. Ok, sei que a coisa é bastante complexa. Mas, depois da primeira explosão do “l’amour”, não se deveria ter medo de provocar outras. O amor quer-se cultivado, desmontado, renovado. A apatia leva a um desgaste e a um acomodar da relação. Óbvio que o amor de há 2, 6, 11, 27, 48 anos não é o mesmo... e ainda bem. Isso não significa que tenha de morrer. Tem, sim, de amadurecer. E às vezes um pouco de “glamour”, por parte de ambos no casal, ajuda. ;)


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

10 anos em 473




Mafalda Coimbra

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10 anos a acompanhar os 473 da Companhia de Jesus, que celebramos hoje, 27 de Setembro. Muito poderia contar sobre estes 10 anos, dentro desta grande História que é maior que a minha. Em memória agradecida, recordo as pessoas, as conversas, as peregrinações, as aprendizagens, as dores, as quedas, as confirmações, a fé, os Exercícios Espirituais, o silêncio, o “ser em caminho”... que me têm aproximado a Deus. Um Abraço a todos os jesuítas, junto com a minha oração ao “Senhor de todas as coisas” por nós, pelas nossas missões e por todas as pessoas que nos ajudam a ser quem somos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dos outros [a fé]




Amy Hildebam

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Sei que muitas vezes confiam em mim também pela minha fé. Devo contar um dos segredos: a fé do outros. Na escuta, apercebo-me que as pessoas têm mais fé do que pensam. Fico impressionado e agradecido pela oportunidade que me é dada ao entrar no grande coração de tanta gente, em conversas, em mensagens, em mails, e perceber que, da dor à alegria, cada pessoa é mesmo muito. Não é um positivismo ou optimismo tontos. Na realidade, se se notasse mais a “imagem e semelhança de Deus”, acredito que a felicidade (profunda, diga-se) brotaria de forma renovada.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Nada que ver. Aparentemente.





Jordan Matter

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Nada que ver. Aparentemente. Como o ser humano é um todo, há partes ou acontecimentos da vida, que aparentemente nada têm que ver, que acabam por marcar a personalidade. Entrar nessa coreografia da vida pode fazer voltar ao que sujou ou fez doer. O incrível é que o resultado, após o trabalho a partir da verdade de si próprio, faz com que a graciosidade e a leveza se destaquem. A única perfeição que é exigida é a da misericórdia, com o próprio em primeiro lugar. Se ajuda, até se inverte o mandamento: “Como a ti mesmo, ama os outros”. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Deserto(s)




P K

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Há coisa de 5 anos pensei seriamente sair da Companhia. Atravessei um deserto imenso: solidão, fragilidade, incompreensão, vazio espiritual, onde muitas das orações, ou tentativas de, eram acompanhadas de lágrimas. “Que faço aqui?”, perguntava. Entre outras coisas, achava que a vida religiosa tinha de ser revestida de utilidade. Em muitos desses momentos, comecei a sentir profundamente um “Mantém-te!” que me ia serenando o coração. Neste tempo, encontrei beleza no caminho: a graça de perceber mais um pouco do mistério do deserto... meu e de outros.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Estranho silêncio da partida




Dá-se em mim aquele silêncio estranho das partidas. Mistura-se a esperança com a tristeza e saudade de quem parte. Recordo o P. Alfredo Dinis... que partiu para o Pai ontem de noite. Aliou a inteligência e a fé com simplicidade e gosto. Alguém com visão dos sinais dos tempos, tentando dialogar com a actualidade. Foi dos homens que me ajudou a pensar para além do estabelecido. Sei que partiu com a serenidade e fé que o caracterizavam. Hoje é justo que revele este poeta anónimo... a partir do poema que me ofereceu como “Amigo Secreto” no Natal de 2007. Um grande Abraço, P. Alfredo!

domingo, 22 de setembro de 2013

Aproveitar e/ou renovar.




(Versión en español en los comentarios)

Olhar a história é um risco. Percebe-se que o “no passado é que era” pode não ser tão agradável como é hoje. Descobre-se que afinal algumas coisas recentes não são tão actuais quanto isso. Tanto apagar o passado, como o apenas viver nele é estupidez. As tradições são para ajudar a fazer caminho, não para aprisionar num tempo que já não existe, para além da memória. Ajuda uma boa dose de maturidade, em saber o que é de aproveitar e o que é de renovar. 

sábado, 21 de setembro de 2013

(...) [VIII]




Luca Zennaro/Reuters

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Estamos em tempos em que o mundo está a voltar a olhar para a Igreja, graças ao Papa Francisco, com um grande sorriso. Mas, ainda há quem tenha medo desse sorriso, ou de perder sabe-se lá o quê. Esta recente entrevista do Papa, assim em “resumo resumido”, mostra-nos que, na sua profunda humanidade de “pecador amado”, deseja, à semelhança de Cristo, pôr o acolhimento na linha da frente, junto com a profunda liberdade humana. Isto, para aqueles cujas regras são o que determinam a fé, desestabiliza.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aviões, fé... e crochet




Rui Sousa

Pensando nos aviões: recentemente falou-se em crochet. 

Num universo de milhares de pessoas não é difícil cair em generalizações. Há os grupos, as tribos, aqueles que falam a mesma linguagem, sem que seja necessariamente a língua falada ou escrita. Esses grupos podem-se fechar num conhecimento do seu mundo muito próprio, reduzindo-se ao que “acham” sem saber de facto como são outras realidades, projectando o que sentem, vivem ou fazem. Tenho para mim que a riqueza do conhecimento também reside em escutar pessoas diferentes, a partir da vida concreta dessas mesmas pessoas. Noutra palavra: abrir perspectivas e horizontes. É isso que faz uma pessoa sábia: a capacidade de ver para além da sua própria realidade. E o crochet, bonita arte, dá espaço à responsabilidade pelas vidas... mais importantes que uma sandes.

Ah, a fé... faz parte do misterioso que é o ser humano.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sobre a fragilidade...




Pat Wallace

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Por uma ou outra razão, tenho pensado na fragilidade. Seria bom que o humor, o riso ou a gargalhada estivessem mais presentes na vida, mas as lágrimas também são necessárias para aliviar dores que nem sempre são possíveis de viver. A impotência carrega certa dose de frustração. Se for dada uma volta, pode ser o momento em que o orgulho se transforma em abandono de fé. Mais que não seja, na pessoa que tenho diante. E da fragilidade sai o passo da compreensão.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Casamento [o primeiro]





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Este sábado presidi ao meu primeiro casamento. Da minha prima Liliana, com o agora meu primo Andre. Sendo o primeiro e em família, como me comentava uma grande amiga, juntou-se a história familiar e a de fé. Entre muitas coisas disse-lhes para nunca deixarem de se conhecer, de não terem problemas de rezar pelo e com o outro e para não se abandonarem à monotonia... seja em que âmbito for! ;) À família e aos amigos: recordei que também têm(os) responsabilidade em ajudar a manter-lhes a chama acesa... depois da explosão das emoções. No fundo, a diferença entre a luz de uma vela e a chama de um fósforo. Rezo para que não percam os sorrisos com que tiveram todo o tempo da celebração! 

[A imagem, de momento, não tem a melhor qualidade... "sorry"... mas queria mesmo uma do casamento. Ah, e o meu computador está de volta!!!]

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Novidades



 
(Versión en español en los comentarios)

Apesar do silêncio, estou bem. Stop. Computador ainda avariado e o teclado francês é todo baralhado do sistema (letras trocadas, não tem alguns acentos). Stop. Com muita coisa para contar. Stop. Eh um verdadeiro exercicio de humildade. Stop. Observo e escuto, respondendo o melhor que posso no meu francês misturado de português e espanhol. Stop. Estou animado e contente. Stop. Ah, tenho rezado pelos aniversariantes destes últimos días, mesmo não tendo escrito a felicitar. Stop. Sim, rezo, com gosto. Stop.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

[Em modo off... quase forçado]

 

 (Versión en español en los comentarios)

O silêncio por estes lados: pois... o meu computador resolveu “adoecer”. Não sei o que tem, pois ainda não o levei ao “dótor”. Espero que não seja nada de grave. Nos “entretantos”, vai havendo muitos bons encontros e conversas.