quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pensamentos soltos... enquanto acompanho o resgate dos mineiros no Chile

Alex Vega exibe orgulhosamente uma t-shirt com a bandeira do ChileFoto: Hugo Infante/Reuters

in Público.pt


Ao som da subida da Fénix, no resgate dos mineiros no Chile, o meu pensamento não tem parado. Os sentimentos também não...

Neste momento em que “homens nascem da terra”, como me comentou um Amigo e Companheiro do Chile, fico emocionado a olhar para as imagens do “(re)nascimento”. De facto, há a saída do ventre; encontro; choro e grito de libertação; manifestações de fé perante o “milagre” que não pode deixar o mundo indiferente. E agora como olhamos para nós, humanos? Penso nisto...

Primeiro, o silêncio. Aquele contemplativo dos acontecimentos, que deveria calar as comparações politicas, sociais, promotoras de mediatismos. Não interessa o Guiness, não interessa se Portugal, ou seja que parte do mundo for, está também “metido num buraco”. Interessa deixar calar as “vozes” que impedem o agradecer. Tudo mudaria, ainda mais, se fosse o meu pai, ou um tio, ou um primo, ou um avô que lá estivesse. E aqui, não importa a nacionalidade, raça, cor...

...pois, perante acontecimentos de grandes mudanças na vida (seja o ficar preso numa mina, seja uma doença, seja um outro tipo de acidente) há “algo” inexplicável que acontece. Dentro e fora de quem vive. Poder-se-ia dizer conversão.

Estes homens, aos olhos do mundo, tornam-se imagem de trabalho conjunto, em equipa, em partilha, conversas trocadas, como que respiração pelo “cordão-umbilical-Relação-Humana”. A Relação que permite aguentar o desabafo, a dor, a angustia, a inveja, a revolta, a esperança e a alegria... a compreensão pela falha, o respeito pela fraqueza. São heróis, sim. No entanto, para usar as palavras de Mário Sepúlveda, o segundo mineiro a sair, não os tratemos como artistas ou jornalistas, mas como pessoas que são.

As mudanças bruscas implicam muito na vida. Tal como o nascimento de uma criança há toda uma adaptação a acontecer. Gradual, onde se tem de dar espaço não só a cada um deles, como a toda a família. Este não foi, nem é, um concurso, onde cada um livremente decidiu expor-se ao mundo. É a história de cada uma destas 33 pessoas, com nome, sentimentos, vontades, fragilidades... com fé!

A partir de agora é o espaço e tempo também para maturar sobre a vida. Aquela que ganha um novo horizonte, depois do “(re)nascimento”.

“¡Gracias, Señor!”